Nesse final de semana, dias 9 e 10 de Junho, tive a oportunidade de ir ao Rio de Janeiro com meu amigo Gabriel Mendes para assistir o ultimo show da banda Los Hermanos antes de seu recesso por tempo indeterminado. Por um lado estava muito empolgado por ser o primeiro show que iria da banda, talvez o ultimo. Por outro receava em relação à qualidade da apresentação e pela guerra civil que passa aquele estado.
Pois bem, dúvidas a parte, fui de “mala e cuia”. Chegando à cidade, ainda na estrada, reparei como a pobreza predomina naquele lugar; periferias e favelas por toda parte, não muito diferente de alguns bairros de São Paulo, mas numa proporção muito maior, já que o Rio tem um espaço inferior. No centro da cidade há dezenas de imóveis históricos, alguns, aparentemente, com mais de cem anos. A maioria com a seguinte característica em comum: o abandono.
Não quero que pensem que estou criticando ou desmerecendo o Rio de Janeiro. Lógico que a cidade é rica em beleza, praias maravilhosas, vistas deslumbrantes que infelizmente ainda não tive a oportunidade de conhecer. Estou apenas falando como é o lado de traz do Corcovado, onde a Globo evita mostrar. Alem disso não posso deixar de citar a hospitalidade do povo carioca; todos prestativos, simpáticos e solidários. Isso é incontestável.
Apesar dos comentários feitos sobre a cidade, quero mesmo é falar sobre o show. E que show!
Levados pela duvida sobre o término da banda, pessoas de todas as regiões do país lotaram a casa Fundição Progresso na Lapa, centro do Rio, para assistir os Hermanos tocarem.
Quatro horas antes do inicio, cheguei com o Gabriel para retirar os ingressos na bilheteria. Naquele momento dezenas de pessoas já estavam na fila cantando e dançando as musicas da banda. Uma verdadeira confraternização. Ao esperar os portões serem abertos, conhecemos pessoas de Minas Gerais, Santa Catarina, Pernambuco, São Paulo e do próprio Rio. Conversávamos com se já havíamos nos conhecido há tempos.
Enquanto falava com essas pessoas, refleti um minuto sobre o poder que a música tem de unir povos de credo, cor e ideologias distintas. Apenas pelo gosto musical em comum, todos aqueles jovens que ali estavam, criaram um vinculo de amizade e união. São atitudes aparentemente insignificantes que passam despercebidas como o vento. Agora, a partir desse pensamento e indo para o contexto social, fiz-me uma pergunta: Por que vivemos em guerra? A resposta veio a seguir: Porque primeiro procuramos as diferenças e omitimos todo o resto. Pois é, nesse mundo de discordâncias é que vivemos.
Duas horas depois, os portões se abriram, a platéia entrou. Muitos correndo, outros mais contidos, porém não escondiam a felicidade por estar ali. Foram mais duas horas de apreensão dentro da casa até que os músicos subiram ao ponto mais alto. Quietos, como se estivessem se despedindo de sua família. Mesmo assim os fãs aplaudiam e gritavam incessantemente.
Começaram o show com uma musica bem calma, quase imperceptível perante a euforia dos que cantavam e se emocionavam com os acordes tocados. As cinco mil vozes e corações agitavam-se sem nenhum controle. Aqueles que haviam subido ao palco contidos, agora se pegam sorrindo e dançando - mesmo “desengonsadamente” - com os espectadores. Em alguns momentos mal dava pra escutar a voz do Marcelo Camelo ou do Amarante tamanho era o volume das vozes da platéia. No final do show os Hermanos apresentaram todos que estiveram com eles durante esses dez anos de carreira. Foi um show emocionante, dificilmente assistirei outro melhor.
Tive a idéia de escrever esse texto com a intenção de mostrar para os leitores uma experiência maravilhosa que tive e principalmente mostra-los como coisas pequenas, no caso a musica, podem unir as pessoas que ao menos se conhecem. A partir desses atos aparentemente insignificantes, podemos promover a paz e unirmos para um mundo melhor.