tag:blogger.com,1999:blog-26382525184492230202024-02-07T18:08:49.100-08:00Fá Vieiraaqui estão algumas de minhas loucuras. fique à vontade; abra a geladeira, se quiser.Fabrício Vieirahttp://www.blogger.com/profile/09656853753669370285noreply@blogger.comBlogger35125tag:blogger.com,1999:blog-2638252518449223020.post-2022134110626243662010-10-28T17:24:00.000-07:002011-12-27T13:26:19.023-08:00escolinhaaqui pertinho da casa aonde eu moro, em Pelotas, tem uma escolinha de crianças; é uma espécie de creche, mas não é bem uma creche. na verdade eu não sei explicar ao certo, mas o fato é que as criancinhas (na média de 4 a 6 anos, aparentemente) ficam lá durante o dia, enquanto seus pais trabalham.<br /><br />sempre que eu passo por lá, na minha pressa sem motivo de todos os dias, reduzo os passos e olho pela janela que dá pra sala de aula, ficando ali por alguns segundos.<br /><br />lá dentro tem uma mesinha redonda aonde todos sentam e observam a professora que, com gestos enigmáticos, seduz as criancinhas de uma maneira toda apaixonante. elas olham como se a professora fosse uma fada que, com a sua varinha mágica, tem o poder de transformar o imaterial em matéria, de fazer o inanimado ganhar vida. ela simplesmente reina na cabeça daqueles seres.<br /><br />as carinhas são tão atentas e encantadas que dá vontade de ficar ali, invisível, a observar os trejeitos de cada um. mas não dá. aquelas carinhas duram até eles perceberem que eu estou os olhando com um riso denunciador no rosto. aí eles mudam totalmente a face e olham pra mim como quem diz: "o que aquele cabeludo lá fora quer aqui na nossa turma? será que ele não tá percebendo que a nossa professora está nos contando uma historinha assaz interessante? bobão!". sempre que eu sinto esse "repúdio" por parte deles fico sem jeito e dou no pé, continuando a minha andada rápida e sem motivo. <br /><br />mas, numa turminha que, se não me engano, tem aulas às sextas naquela sala, tem um loirinho que me adora. sempre que eu passo e ele está lá eu faço uma careta e ele racha muito o bico, tirando a atenção de todo mundo da sala. ele é aquele típico e caricato molequinho-loiro-pimentinha. figuríssima!<br /><br />ele é tão foda que, ao sentir que eu estou na iminência de causar uma desordem na sala com a minha presença, ele o faz antes de tudo dando uma gargalhada daquelas bem gostosas e apontando pra mim. mas aí eu dou um golpe de reflexo bem rápido antes que todas as crianças percebam, o que deve gerar um possível constrangimento pra ele frente aos amigos por parecer um louco gritando e, possivelmente, uma broca da professora. mesmo assim tenho certeza que ele não liga pra ninguém, não tá nem aí. ele é dos meus.<br /><br />o mais legal de passar lá de sexta-feira é que este dia é o dia de levar brinquedo pra escolinha (ou creche, que não parece creche mas pode sê-la). neste dia a mariazinha leva a boneca que ganhou de aniversário da avó e o pedrinho leva o caminhão de bombeiro porque, quando crescer, quer ser jogador de futebol mas a tia da creche (ou escolinha, que não parece creche mas pode ser também) não o deixa levar bola porque pode quebrar a vidraça. não sei qual brinquedo que o loirinho leva, nunca dá tempo de ver (está aí meu próximo objetivo). eu imagino que ele deve levar um bonequinho; isso porque este pode tanto subir no caminhão de bombeiro do pedrinho quanto dar uns pegas na boneca da mariazinha. ele é esperto, mais do que eu.<br /><br />escrevendo esse texto eu senti muita saudade da minha infância. eu lembro que na escolinha em que eu estudava, a sexta-feira também era dia de levar brinquedo. eu levava meus bonequinhos dos cavaleiros do zodíaco e ficava ali, no cantinho, possivelmente com um amiguinho, tão ou mais quietinho que eu, observando o movimento ao redor. na verdade mesmo eu lembro de pouquíssima coisa dessa época, com exceção do acidente que sofri no carro, aonde a minha gengiva ficou pendurada, mas isso é uma história pra outra oportunidade.<br /><br />eu fico triste em não me lembrar desse tempo porque essa é a fase mais criativa na formação de um ser humano. é naquele momento que a gente começa a desconfiar do por que da existência das coisas, das pessoas, das palavras, dos pássaros. aí a gente vai aprendendo tudo ou sendo enganados por adultos que fingem que sabem de tudo mas na verdade ainda têm as mesmas dúvidas. aí a gente cria fantasias na nossa mente, imagina o Sol acendendo a luz de manhã, imagina a terra girando, se sente um passarinho, sonha.<br /><br />sonho. sim, o bom de ser criança é ter o poder e a sensibilidade de sonhar. a gente vai perdendo isso com o tempo. confesso que um dos meus desafios de ultimamente, com o desconforto diário de tanto desacreditar no ser humano adulto, é tentar sonhar que as coisas podem ser melhores, que os seres humanos podem ser menos perigosos uns para os outros. <br /><br />na verdade a grande sacada é que, quando eu estou quase desistindo disso tudo, sempre me acontece uma coisa boa: eu acabo descobrindo, no meio de tantas pessoas, um ser desconhecido que me causa bons sentimentos, que me encanta com a sua presença tão dançante no meio de tantas outros indivíduos ditados pela inércia da música da vida. depois disso eu retomo o meu lirismo, os meus textos, o meu frio na barriga por poder encontrá-la a qualquer momento nas curvas da vida; realmente volto a sonhar. aí eu renasço ao mundo do encantamento, juntamente com a ajuda dos outros seres conhecidos que sempre estão comigo e que me acompanham diariamente, segurando a barra ao meu lado, me fazendo acreditar nas coisas boas e na busca incessante de viver em paz nesse mundo.<br /><br />e aí você me pergunta: <em>o que tem a ver as crianças do começo do texto com essa filosofada dos últimos parágrafos?</em><br />aí eu te respondo: <em>não sei, só sei que ando um tanto cheio de coisas boas na cabeça, cheio de sonhos, cheio de amor desconhecido, cheio de flauta... quase transbordando. mas não se preocupe, depois te conto tudo. tá?</em>Fabrício Vieirahttp://www.blogger.com/profile/09656853753669370285noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-2638252518449223020.post-12499657291167685482010-10-26T06:29:00.000-07:002010-10-26T06:42:47.108-07:00diálogo celestialum dia no Céu dos gatos começou um diálogo.<br /><br />gato X: será que se eu pular daqui eu morro?<br />gato Y: é, daqui até a Terra são muitas léguas... quantas vidas ainda te restam?<br /><br />gato X: mas eu acabei de chegar aqui no Céu, não sei quantas vidas celestiais eu tenho...<br />gato Y: ah faz assim: pula aí... se você chegar em um lugar quente, com cheiro de morte, com crianças chorando de fome, com ricos fétidos de dinheiro sujo, com "animais" tristes por tantos maltratos e por velhinhos lutando pra viver com dignidade quer dizer que deu certo; chegou na Terra e não morreu.<br /><br />gato X: mas a Terra é assim?<br />gato Y: é o que eu sempre escuto dos outros gatos que vêm de lá.<br /><br />gato X: que horrível!!! mas, afinal, quantas vidas eu adquiro ao chegar aqui no Céu? vc não me respondeu...<br />gato Y: três vidas apenas.<br /><br />gato X: então eu posso dar pra uma pra uma criancinha abandonada, outra pra um velhinho e a última pra um animal que é maltratado?<br />gato Y: não. na verdade vida eles já têm. acontece que tem um monte de gente que não os deixa viver como seres vivos, livres e independentes.<br /><br />gato X: mas por quê?<br />gato Y: por dinheiro!<br /><br />deste momento em diante o gato X começou a chorar e nunca mais parou até sucumbir de desgosto por saber que existe um mundo tão triste e sombrio.<br />triste o sombrio.<br />triste!Fabrício Vieirahttp://www.blogger.com/profile/09656853753669370285noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-2638252518449223020.post-52672596688797730212010-10-21T14:08:00.001-07:002010-10-21T14:08:25.786-07:00acabei de chegar de um evento aonde o Presidente Lula inaugurava mais um campus aqui da Federal.<br /><br />ele disse uma coisa que me deixou muito emocionado e que me fez refletir muito; a frese foi mais ou menos a seguinte: "o legado que mais me alegra em deixar desses 8 anos de governo é o sentimento que o pobre terá ao ver a minha imagem daqui pra frente. ele irá me ver na televisão e dizer: 'se esse cara, retirante nordestino, peão e com pouca escolaridade chegou na presidência deste País eu também posso ser alguém na vida'. o que falta é esperança nesse país e é isso que eu quero deixa para a história do Brasil". <br /><br />depois disso eu enchuguei as minhas lágrimas, respirei bem fundo e acreditei um pouco mais no crescimento desta nação maravilhosa. eu acredito muito na mudança da história desse País e ele é um dos principais responsáveis por isso tudo e o nosso maior exemplo de como se vence as dificuldades.<br /><br />sinto-me muito orgulhoso de fazer parte deste momento da história.<br />sinto-me mais orgulhoso de ser Brasileiro, com "s" e "B" maiúsculo.Fabrício Vieirahttp://www.blogger.com/profile/09656853753669370285noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2638252518449223020.post-51157886724436007022010-10-05T12:07:00.000-07:002010-10-05T12:12:53.406-07:00geometria analítica, parâmetros, coeficiente angular e equações não cabiam em mim naquele instante.<br />eu sentia minha alma pedir por liberdade... a sala me prendia, me comprimia.<br />então saí no meio da aula.<br /><br />quando cheguei ao pátio aberto, olhei para o céu e me deparei com uma porção de estrelas, umas cadentes outras nem tanto.<br />porém, todas me saudavam com a seguinte frase: "ei, você. já se deu conta de que és um ser cheio vida? já se deu conta que existe todo um mundo magnífico à sua volta?".<br />era isso que eu precisava ouvir.<br /><br />aquela abstração matemática nada tinha a me adicionar humanamente. os números não têm vida.<br />de que adianta saber se um vetor tende ao infinito ou se a derivada de uma equação é nula, sendo que eu nem sei da onde eu vim?<br />estamos tão automatizados, tão na inércia dos fatos que nem sequer temos as informações básicas da nossa existência.<br /><br />esses dias eu terminei um livro que se chama "O Dia do Coringa" (Jostein Gaarder) que, entre outras coisas, tocava exatamente nesse ponto.<br />nós acordamos, tomamos café, nos vestimos, abrimos a porta da casa e caímos no mundo sem, muitas vezes, refletirmos sobre os nossos movimentos.<br /><br />só de imaginar que, enquanto eu escrevo, milhões de células dentro de mim estão trabalhando pra me manter vivo, que milhares de alvéolos estão trocando oxigênio e<br />gás carbônico com o sangue, e aquela substância parte pelo meu corpo para me nutrir de vida.<br />você que está lendo agora. pare um momento e tente sentir o cristalino do seu olho funcionando como uma lente que direciona a luz oriunda dessas letras projetando-as<br />na retina aonde a imagem será formada. bingo! você está lendo. mas não é só isso. seu cérebro está trabalhando e gastando parte da energia do seu corpo para entender<br />este código e esta porção agrupada de letras que dão um sentido e um entendimento pra você. isso não é incrível?!<br /><br />eu poderia ficar aqui a vida inteira enumerando diversas ações provenientes do nosso corpo que acontecem espontaneamente, mas esse não é o foco desse texto. a minha <br />intenção é compartilhar com você, caro amigo, esse sentimento que tem alimentado a vida ultimamente. pare em alguns momentos do seu dia e sinta o mundo tocar seu corpo,<br />aproxime-se do seu íntimo, sorria para os outros seres tão magníficos quanto você, dê um abraço nas pessoas que têm amor.<br /><br />eu me sinto muito só aqui onde estou agora. careço dos abraços das pessoas que eu amo tanto e que deixei na minha terra, mas aí eu improviso: abraço o travesseiro<br />ou o meu violão e projeto neles todo o amor que há dentro de mim. aí eu me liberto, pego a minha flauta e vou tocar para as estrelas, pros passarinhos, para as formigas<br />que têm invadido a cozinha ultimamente.<br /><br />estive um tempo longe de mim, vivendo por viver, sofrendo á toa. mas aí eu busquei nos cantos da minha alma os significados de tudo que sou, encontrei o mais simples de<br />mim, o mais vivo que eu possuo. encontrei o melhor de mim. talvez se eu tivesse aberto uma equação existencial eu não teria encontrado a solução, mas eu abri o meu coração, abri os poros do meu ser.<br /><br />agora eu vou dançar lá fora um samba desajeitado, sem ritmo, porém, cheio de alegria.<br />a vassoura pode até me acompanhar se quiser, afinal ela também merece. imagina se fosse você o indivíduo que tudo mundo aperta, passa a mão e enche de sujeira?<br />sim, a vassoura merece muito respeito. então será ela mesma que vai dançar esse samba comigo.<br /><br />ah, e se a vassoura não quiser dançar eu danço sozinho. se for o caso eu "bambo e só, mas sambo sim!"<br /><br />bendita seja a vida!!Fabrício Vieirahttp://www.blogger.com/profile/09656853753669370285noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-2638252518449223020.post-21312590537455700092010-08-16T22:10:00.000-07:002010-08-16T22:37:51.919-07:00a montanhaum dia decidimos escalar uma montanha juntos.<br />sabíamos das dificuldade e tudo o que poderia nos ocorrer durante esta empreitada.<br />no início eu não acreditava muito na idéia, mas ela foi me clareando as coisas; mostrou-me mapas, deu-me argumentos até me convencer de fato. <br /><br />aí então eu fui vendo que essa nossa aventura iria dar certo.<br />estabelecemos condições, metas e caminhos a seguir juntos, sempre.<br />arrumamos nossas coisas e partimos.<br />cada um levava uma mochila grande e eu, além disso, levava a cabana nas costas.<br />ela colocou num bolsinho separado uns papéis de dobraduras e eu, à tira colo, uma flauta.<br /><br />então fomos embora!<br />pé na estrada.<br /><br />no início a emoção era tanta que tudo parecia tão leve.<br />pulávamos feito coringas e abraçávamos as estrelas com os polegares.<br />esta aventura fez com que começássemos a nos amar com uma intensidade tão grande que até as folhas densas das árvores não economizavam a nos reverenciar.<br /><br />pintamos folhas com nanquim, fizemos música com as flores e dançamos com os cipós.<br />milhares de muitas e diversas maravilhas nos ocorreram.<br />um dado momento da nossa caminhada encontramos um portão alto e pesado; ficamos com receio de abri-lo, mas o abrimos sem saber ao certo o que encontraríamos pela frente.<br />quando o portão estava totalmente escancarado nos deparamos com uma imagem que até hoje não sei decifrar ao certo: era um jardim paradisíaco com flores de todas as cores existentes no universo por todos os cantos, com rios de águas límpidas e calmas e com um gramado deslumbrante. <br /><br />depois daqueles dias no paraíso passamos a nos amar cada vez mais.<br />nunca nos separamos em espírito, com exceção de alguns desentendimentos efêmeros.<br />mas foi tudo muito maravilhoso.<br />eu sempre abri mão do meu conforto para deixá-la o mais feliz possível, sempre parava horas para explicar e ensiná-la às armadilhas da mata da vida. sempre com o maior prazer. <br />e ela também, com toda a sua calma, me trazia paz através de sua serinidade ímpar e de suas palavras e frases de amor tão singelas.<br />era tudo muito perfeito!<br /><br />bom, e aí foi então que no meio do caminho ela encontrou uma cachoeira que a encantou de uma forma surpreendente.<br />depois que a viu pela primeira vez por trás de uma árvore qualquer as suas águas ensurdecedoras, as suas notas que caem de uma montanha de areia, ela nunca mais foi a mesma.<br /><br />de lá pra cá tem sido muito difícil chamar a atenção dela. <br />sempre que andamos, depois de alguns passos, ela olha para trás e mira o caminho, buscando sentir novamente a força das águas. e aí se distancia, me ignora, me olha com olhar de triste de “sinto muito”, de pena, de “desculpa”.<br />tenho me sentido muito triste, angustiado, impotente, desmoralizado, sem rumo, sem nada.<br />mas aí eu pego a mochila, ponho encima da cabeça, a seguro aquela mulher com os dois braços, com todo o meu corpo e alma, e nos jogo para cima com força; mas não tem adiantado. o seu corpo está mole, sem vontade, desacreditado em mim.<br />só mira; só mira a cachoeira.<br /><br />hoje cedo chegamos a uma bifurcação na estrada que fica bem no topo da montanha.<br />temos duas opções: ou vamos juntos por um caminho ou cada um segue um caminho distinto.<br />depois de pensarmos muito, de procurar explicações pra tudo, escolhemos (muito mais ela do que eu) a segunda opção.<br />cada um vai para um lado do caminho, sozinhos.<br /><br />tudo bem, eu preferiria andar de mãos dadas com ela, seguirmos e ultrapassarmos as barreiras juntos, mas ela acha melhor assim. <br />neste caso a minha compreensão toma conta do resto...<br />é que sempre acontece, o que sempre acalma os ânimos.<br />ainda bem esta existe porque senão já teríamos nos perdido há muito tempo; mas eu sou teimoso. <br /><br />ah, mas uma coisa eu tenho certeza: todo esse distanciamento, toda essa indiferença e olhar longínquo é por causa da cachoeira. não me restam dúvidas.<br />sei que ao invés de descer a montanha, ela vai dar a volta e procurar a cachoeira novamente.<br />vai ficar em frente dela a exaltá-la, a dar-lhe oferendas, a desenhá-la, a beijá-la, a fazê-la sentir-se a melhor coisa do mundo, bem como ela fez comigo outrora.<br /><br />o que me entristece, caro lampião, é que em todo esse trajeto que fizemos até aqui após este tão “sublime” encontro, ela não esteve espiritualmente comigo. não mesmo.<br />esteve o tempo todo de costas, planejando a volta, observando os atalhos que poderia tomar.<br />e eu? eu?<br />ah, uma fase passada da vida explicitamente desenhada. fica pra próxima, “quem sabe”.<br />agora só há espaço para a fogueira que esquenta subliminarmente, para os olhos que não choram lágrimas, apenas águas de nascentes cristalinas. <br />ah, vá!!<br /> <br />vamos dormir essa noite e amanhã bem cedinho vamos descer a montanha, cada por um lado.<br />espero que as correntezas causadas pela força das águas da cachoeira não a afogue no seu próprio egoísmo. egoísmo! sentimento este que tanto tentei manter distante de nós. mas não teve jeito.<br /><br />hoje, depois de decidirmos tudo direitinho fiz uma coisa que ela não percebeu.<br />deixei dentro da mochila dela uma caixinha de música, uma boca, uma flauta, um chá com brócolis, um calendário com todos os dias 3 de cada mês destacados com flores (no mês de julho o dia 9 pintado bem forte de vermelho) e um broche.<br />quem sabe quando ela chegar ao seu destino e abrir a sua mochila descubra estes objetos e se lembre da minha existência como homem.<br /><br />espero um dia ser o homem da vida dela, que ela apenas tenha olhos para o caminho que poderemos trilhar juntos.<br /><br />aqui da barraca posso ver lá na frente uma outra montanha que é iluminada pela luz da lua.<br />ela tem um formato lindo e é tão alta, mas tão alta que talvez não tenha volta e quem sabe poderemos passar o resto das nossas vidas lá.<br />imagino que lá existem milhares de paraísos mágicos e jardins exuberantes que podemos desbravar perdidamente... por muito tempo.<br />eu acredito nisso. acredito com todo o meu ser.<br /><br />mas antes vamos deixar passar esta ancia de liberdade espontânea e vamos tentar estar mais próximos quando chegarmos lá embaixo.<br /><br />estou com sono.<br />preciso dormir e me preparar para a volta.<br />eu vou voltar com calma, com otimismo e perseverança.<br />eu vou voltar com ela no meu coração e com a fé de que ela estará a me esperar.<br /><br />então...<br />então boa noite.<br /><br />até o amanhã, meu amor.<br />minha única estrela.<br /><br />até a volta!!Fabrício Vieirahttp://www.blogger.com/profile/09656853753669370285noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-2638252518449223020.post-56119994564669173222010-06-24T12:25:00.000-07:002010-06-24T12:52:23.132-07:00Enfim, tirando o atrasoEu não poderia postar o meu primeiro texto deste ano aqui no blog sem antes comentar alguns fatos importantes que ocorreram ano passo e que são de suma importância pra mim e para as minhas possíveis memórias futuras. Apesar de já estarmos quase em julho e de morar em outro Estado, ainda vivo boa parte do que me ocorreu no ano anterior. Foram dias (os melhores da minha vida até hoje, sem dúvida) corridos, difíceis, cheios de maracatu,sonhos e de amor. <br /><br />Este último aspecto veio embrulhado de presente na figura da Nati. Foi uma flor, aliás, várias flores de papel que recebi dela as responsáveis pelo início de tudo. Chegou devagarzinho, pelos cantos de mim e foi me conquistando, me enchendo de paz e encanto. Quando eu me dei por conta já estava perdidamente apaixonado pela pessoa dela e a sua figura passou a fazer parte de mim, como um órgão vital.<br /><br />Começamos e ainda mantemos um relacionamento que só nós entendemos, ou pelo menos tentamos entender. Somos amigos acima de tudo, porém, relacionamo-nos de uma forma peculiar, sem nos prender um ao outro nem abstrairmos nossas possíveis vontades físicas, mantendo sempre o respeito um pelo outro. Falando em física, o que possuímos não está inserido nessas coisas de amizade colorida, pois o que há entre nós transcende as cores e os sentidos. O que temos é uma troca de partículas atômicas que, combinadas na mais forte atração possível, formam uma molécula indivisível e linda. Lindas foram as coisas que nos ocorram durante esse tempo: balet com flauta no ar, tardes de Sol se pondo por detrás da janela, cinemas, Embu`s, sorrisos, gargalhadas seguidas de dor na barriga, nanquins, Centro Cultural com Beirut, tubas e covinhas... ah e flores, muitas flores. <br /><br />Não seria possível enumerar tudo de bom que nos ocorreu, o que dá pra fazer é sentir tudo isso e, numa somatória de fatores, guardar estes acontecimentos no cofre da alma e enriquecer-me de amor e carinho. A Nati me fez descobrir o amor, me fez sonhar e acreditar nele. Fruto das mudanças ocorridas dos dois lados, talvez hoje eu seja o maior defensor de tudo isso, o que caracteriza uma inversão de papéis. As crises estão sempre num movimento circular, mas não hão de abalar as estruturas nem arrombar o nosso cofre; pelo menos é isso que eu acredito e quero seguir acreditando até-até. Enquanto houver a conexão que possuímos um pelo outro e enquanto nos permitirmos, isso tudo viverá e continuará nos enchendo de alegria como ocorre até hoje.<br /><br />O ano de 2009 foi um ano de perpetuação e a criação de amizades. Com um pouco mais de amadurecimento, reparei que as relações entre mim e meus amigos passaram a ser agora muito mais leais e sinceras. Uma coisa que deixa de ser uma afirmação de seu núcleo de pessoas, com um caráter mais adolescente e efêmero, para ser tornar relacionamentos de adultos e pessoas que tem que ser levadas para a vida inteira.<br /><br />Na perpetuação das minhas amizades citada anteriormente, eu posso expor mais fortemente o Gá e o Cauê; indivíduos estes que me acompanharam durante os últimos anos e que têm uma importância ímpar na minha vida. Em ambos os casos fui conquistado pela identificação musical, pelas viagens no mundo das notas e dos batuques. Tratam-se de pessoas maravilhosas e sensíveis que muito me encantam pelas suas maneiras de ver a vida e de vivê-la com intensidade e alegria. <br /><br />Já na criação de novas amizades eu posso destacar, obviamente, o Otávio e o Yuri. Esses dois vieram pra fechar o ciclo. O Tavinho foi o cara que segurou a barra e viveu as dificuldades ao meu lado durante o ano passado inteiro; vivemos momentos incríveis que foram da alegria mais inocente até a tristeza mais aguda. Apesar das crises, sempre buscamos o entendimento e a conciliação; somos pessoas muito iguais e isso causou alguns problemas que hoje só servem de aprendizado e de amadurecimento. O Yuri apareceu pouco a pouco e foi manifestando um espírito de um ser humano muito bom, que pensa sempre no bem-estar do próximo; ele é um tampinha de 1,60m, mas tem um coração enorme.<br /><br />Paralelamente a estes amigos mais próximos, ainda consegui manter um bom contato, apesar da distancia, com outros tão queridos. São eles: Recheio, Brunnão, Dé, Min, Raquel, Cella e Mariel. Pessoas estas que fizeram parte de alguns bons momentos meus do ano passado e que tenho um apreço e um respeito muito grande.<br /><br />Pois bem, após um ano de mudanças e correrias, vim cair aqui no sul; mais precisamente em Pelotas, Rio Grande do Sul. Apesar de ter a oportunidade de continuar em São Paulo e fazer Relações Internacionais na UNESP, resolvi ficar aqui e fazer Economia – curso este que sempre quis fazer. Apaixonei-me pela cidade, pelo povo, pelo curso, pelos meus companheiros de república, pelo frio. A minha única queixa, realmente, é a distancia das pessoas tão amadas que eu deixei em São Paulo.<br /><br />Bom, a intenção desse texto é ser uma espécie de introdução aos próximos que virão. Ele é mais uma síntese de relatos passados que, por preguiça ou falta de tempo, deixei de expor aqui, mas que estão no meu coração e no coração de todos que viveram comigo esses momentos. Nos próximos textos (prometo que serão mais freqüentes) irei falar um pouco mais sobre a minha terra provisória, sobre alguns acontecimentos relevantes que eu viver aqui e, obviamente, irei explorar as minhas maluquices tão pouco exploradas ultimamente. Até lá!Fabrício Vieirahttp://www.blogger.com/profile/09656853753669370285noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-2638252518449223020.post-28010765659054202042009-11-02T09:02:00.000-08:002009-11-05T01:48:20.453-08:00jardimEu ia escrever uma redação agora; mas redações não têm metáforas, rimas, nem musicalidade.<br />Para fazer uma considerada de boa qualidade é necessário, entre outras coisas, argumento, introdução, conclusão... ão, ão, cão.<br />Eu ia, mas não vou mais. Nada de regras!<br /><br />Quero escrever temas que tangenciem algo poético, algo iluminado sobre as estrelas, sob estrelas. Quero cantar a lira dos pássaros, flautear com os canarinhos; quero olhar ao meu redor e assistir ao balet das flores, sentir o calor do vento.<br /><br /><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhWdvUHNRMNW8E8_jlo1s8Fr_faJwHsjPoBkdkq3les_c0qfAfCcE3xcWIFYdv663TMmlvW2MR4GsIOGsnvqVOGzgSOa8Zd_y1aa7KKtLde-oOk5m2H0NnmUHHY46V519Hk_8NSO8gZUFxs/s1600-h/nati.jpg"><img style="display:block; margin:0px auto 10px; text-align:center;cursor:pointer; cursor:hand;width: 400px; height: 215px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhWdvUHNRMNW8E8_jlo1s8Fr_faJwHsjPoBkdkq3les_c0qfAfCcE3xcWIFYdv663TMmlvW2MR4GsIOGsnvqVOGzgSOa8Zd_y1aa7KKtLde-oOk5m2H0NnmUHHY46V519Hk_8NSO8gZUFxs/s400/nati.jpg" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5399554534055586210" /></a><br />Poderia também desabar no colo de uma morena; ela com suas encaracoladas lãs a tocar o meu rosto. Depois ficaria nu e ela me pintaria numa rocha avessa a intemperismos. Dalí um tempo refrescaríamos nossos corpos na água e dançaríamos com as sereias e com os tubarões; seria “um sempre no nunca”.<br /><br />Depois disso rolaríamos no areal, nos amando, nos tornando chave-fechadura. Aí dormiríamos ali mesmo, ao Sol, um sonho manso, um descanso terno, eterno.<br /><br />(*) arte: Natália GregoriniFabrício Vieirahttp://www.blogger.com/profile/09656853753669370285noreply@blogger.com5tag:blogger.com,1999:blog-2638252518449223020.post-88073197390518838792009-07-14T09:16:00.000-07:002009-07-14T10:33:59.751-07:00ciclo cítricoO legal de ficar imaginando o que se passa na cabeça dos outros seres enquanto eles, quietos, passam horas, dias, senão vidas num universo único e infinito, é tentar buscar um sentido qualquer na forma com que o silêncio deles pode se manifestar em palavras. Por exemplo...<br /><br />Nesse instante, do outro lado da rua, há uma garotinha apreciando as orelhas de um cachorro; ela nem fala nada, acho que nem tem idade para tanto, contudo a quantidade de pelos e pulgas enlouquecem-na, já que seu tato em sintonia com a sua mente ingênua deixam-na numa dúvida existencial infinita [(“por que tantos pelos?) x (por que tão por quê?!”)]. Porém essa dúvida pode não ser uma dúvida; as pulgas podem ser carrapatos. Mas a garota lá encontra-se: atônita. <br /><br />Poucos metros à direita têm uma tartaruga embaixo duma árvore. Esta apenas balança os galhos por conta da inércia do vento; já aquela, irredutível, está numa briga corporal interminável com uma pedra branca. Estas duas, em silêncio, xingam-se reciprocamente com os piores palavrões eufemísticos que poderiam xingar-se {[“sua, sua... (galinha)] ÷ [“sua, sua... (areia)”]}. Mas esta possível briga pode ser uma troca de carinhos; a galinha pode significar “réptil máster”, a areia pode ser “diamante sul-africano”. Mas elas lá encontam-se: lacônicas.<br /><br />Deste lado da rua, com cabelos cacheados e bolsa à tira-colo está o Fabrício; incompreensível-observador, papel, caneta à mão direita, fones de ouvido: horas e horas a observar aquela garotinha do outro lado da calçada que aprecia as orelhas de um cachorro; ela nem fala nada, acho que nem tem idade para tanto, contudo a quantidade de pelos e pulgas enlouquecem-n...Fabrício Vieirahttp://www.blogger.com/profile/09656853753669370285noreply@blogger.com6tag:blogger.com,1999:blog-2638252518449223020.post-10114006837800532372009-06-10T19:24:00.000-07:002009-07-14T09:15:39.380-07:00na séO sentido Jabaquara já dava alguns sinais de vida, quando uma senhora nipônica de cabelos grisalhos e roupa simples instalou-se atrás de mim, que estava com pé-e-meio encima da faixa amarela.<br /><br />Vendo a sua situação, com cordialidade, dei um passo atrás para que ela passasse à minha frente. Enquanto fazia este movimento, ela tomando o meu ex-lugar, olhei bem rápido para o seu rosto e ganhei, assim, de presente, um sorriso maior que todos os vagões juntos; o que me deixou muitíssimo feliz e com um bem-estar tão grande a ponto de deixar qualquer escoteiro com inveja.<br /><br />Em poucos segundos a locomotiva quase toda já passava pela boca do túnel, tomando por completo o corredor de parada. Neste meio tempo a senhora mexeu e remexeu a sua bolsa preta à procura de coisa qualquer. Logo, como num espanto, ela, agora com um sorriso comparado ao de um transatlântico, virou para mim retirando as mãos da bolsa com um punhado de balas; olhou nos meus olhos e pediu carinhosamente para que eu estendesse as minhas. Hesitei como quem não quisesse, mas logo cedi e entreguei-me ao agrado.<br /><br />Agradeci.<br /><br />Entramos, coloquei as balas na bolsa, sentei um tanto longe. Olhei para onde ela tinha repousado e lá estava: vidrada num anúncio de plano dentário com aquele mesmo ar da passagem e de balas doces. Fiquei contentíssimo quando me dei conta que aquele simples gesto ajudou a lapidar com um lindo sorriso um rosto humilde, cansado das pernas e dos desrespeitos.<br /><br />E as balas estavam ótimas.Fabrício Vieirahttp://www.blogger.com/profile/09656853753669370285noreply@blogger.com4tag:blogger.com,1999:blog-2638252518449223020.post-7855985317808024172009-02-22T17:13:00.000-08:002009-03-22T08:27:16.587-07:00no toalete público.Nem estava tão apertado assim, mas fui; com muita preguiça, por sinal. Tem hora que é melhor você segurar um pouquinho e fazer em casa aquele bem gostoso (que te dá as melhores sensações prazerosas) – do que parar a caminhada pra ir ao banheiro público e ter que sentir o cheiro feio de limão com chorume bravamente lapidado por dias=e=dias de mijadas mal lavadas com desinfetante Mauar. <br /><br />Como ia dizendo, fui até o fétido. Já tinha uma filinha considerável no momento em que cheguei. Dei aquele geral no mictório e tinha uns 5 homens urinando em uma placa de aço inox de uns 5 metros de comprimento; fiz a conta utilizando-me do Teorema de Pitágoras (?) e cheguei à incrível conclusão de que tinha 1 metro pra cada indivíduo, o que ainda não proporciona o mínimo conforto para quem urina. É necessário, pelo menos, 1,5 metro de distância para que o respingo do camarada ao lado não atinja sua calça; mesmo assim tem uns mangueira-de-bombeiro que tem a manha de te molhar inteiro, estes geralmente são os tão falados: negrões.<br /><br />Em meio a tantos marmanjos, a maioria deles suados e mal-cheirosos por conta do dia duro de trabalho, havia um velhinho que aparentava uns 64 anos nas costas. Ele, desde o momento em que peguei a fila até quando terminei de larvar as mãos (mais ou menos uns 7 minutos), não saiu do mictório. Tudo bem que as vezes não dá pra mijar com um monte de gente por perto, mas ele estava demorando muito, o que me despertou uma intensa curiosidade.<br /><br /><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhJQ_25z7fC3ZnbKmPdaDy5_uLSfqiXqmy2oUZFRRjG6LcbCRP2i0jGUajmozi9wm0ThLwatpEseTertmidA960ixRqtAMP9mdhSD0Dj5tqk2rlh5eUjGwJKS_ttSEuQxG1EObYWBdzdPi2/s1600-h/20060713051927.jpg"><img style="display:block; margin:0px auto 10px; text-align:center;cursor:pointer; cursor:hand;width: 219px; height: 320px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhJQ_25z7fC3ZnbKmPdaDy5_uLSfqiXqmy2oUZFRRjG6LcbCRP2i0jGUajmozi9wm0ThLwatpEseTertmidA960ixRqtAMP9mdhSD0Dj5tqk2rlh5eUjGwJKS_ttSEuQxG1EObYWBdzdPi2/s320/20060713051927.jpg" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5305796260004137394" /></a><br />Passei a reparar o velhote. Foi aí que tive a sacada, querido amigo: o tiozinho tava dando um bizu no passarinho da galera. Isso mesmo, era um velhinho bicha e tarado. Eu não acreditei na hora; achei que ele estivesse tendo algum problema, ou sei lá o que. Mas depois passei a acreditar no causo, e o pior, meu caro, achei que ele tivesse fazendo movimentos horizontais repetitivos, mas depois me dei conta de que ele apenas estava dando “uma espiadinha”. <br /><br />A rapaziada mais esperta também ganhou a cena e tava evitando chegar perto do velho; tava todo mundo indo pra um cantinho mais reservado lá no canto da parede. Os mais desavisados e apertados instalavam-se ao lado dele e nem sequer davam conta de que o mesmo apreciava o seu pênis, o que era muito engraçado pra quem assistia à cena. <br /><br />Chegou a minha vez; por sorte o cantinho ficou livre bem na hora. Fiz o que tinha que fazer olhando pra quina da parede, é claro, e fui embora. Antes passei pelo velhote e lá estava ele: saciando-se com todos aqueles salames brancos, pretos, mamelucos, cafuzos, caducos e tortos. Imagino que a noite deve ter sido muito divertida e diversa pra ele. <br /><br />É.<br />Como tem louco nesse mundo, velho e bicha.Fabrício Vieirahttp://www.blogger.com/profile/09656853753669370285noreply@blogger.com11tag:blogger.com,1999:blog-2638252518449223020.post-81914633379356479442009-01-23T19:07:00.000-08:002009-01-23T19:48:14.838-08:00<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhNRzK7BFDZkq0cejFPTqGWexS51cpV9tfMhRO1T-jEOJTMz6taJzDluCPNwQEcDd2uRmLAxalWJbOD_QqGHxi8OEse1IHmTpD_LhR6306yQyaCIVVU8QGlobmdpK0FgxZMoGQJw8vxc7e2/s1600-h/familia+russa.jpg"><img style="display:block; margin:0px auto 10px; text-align:center;cursor:pointer; cursor:hand;width: 320px; height: 228px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhNRzK7BFDZkq0cejFPTqGWexS51cpV9tfMhRO1T-jEOJTMz6taJzDluCPNwQEcDd2uRmLAxalWJbOD_QqGHxi8OEse1IHmTpD_LhR6306yQyaCIVVU8QGlobmdpK0FgxZMoGQJw8vxc7e2/s320/familia+russa.jpg" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5294695056328775874" /></a><br />Reggio di Calabria, 23 de janeiro de 1978<br /><br />Meu querido neto Mikhail,<br /><br />Esta carta, antes de tudo, é para demonstrar o quanto você faz falta na minha vida. Vovó já não está tão bem como antes; sinto muitas dores e não consigo me alimentar direito. O médico disse que, se eu der “sorte”, ainda viverei mais alguns meses; estou com Acepinesi Asmática Aguda. Não quero que fique triste por isso, pois eu estou muito feliz em saber que estou prestes a reencontrar-me com seu avô. Ah, falei com o seu tio Bavolavisk esses dias e ele disse que ainda guarda aquela bicicleta azul que eu te dei e as fotos do dia em que nós fomos à Praça Vermelha; disse que quando for à Moscou levará para ti ambos. Bom, escrevo-te, entre outros motivos, para que você tenha algo que possa resgatar-te algumas singelas lembranças de mim, já que certamente não nos veremos mais. <br /><br />Ontem, antes de dormir, veio na minha mente o dia em que sua mãe te levou pra minha antiga casa pela primeira vez; você já tinha por volta de um aninho de idade; era um anjinho. Garoto esperto que era já ensaiava alguns passos e palavras; aliás, a primeira vez que ouvi você sussurrar algo parecido com “vovó”, as lágrimas quase vazaram dos meus jovens olhos de 40 anos que, apesar da idade, já estavam cansados de ver tanta brutalidade e mesquinhez que só o homem é capaz de dominar com tanta capacidade. Vendo aquilo, pude ter um bocado de esperança no ser humano. Esperança; passaram-se 36 anos e esta palavra já não faz mais parte do meu vocabulário. Speranza, speranza (é assim que se fala aqui na Itália).<br /><br />Parei para buscar no tempo e imaginei, pelas circunstancias, que aquilo ocorrera em algum dia de junho de 1942; lembro que havia vários rumores de que o exército alemão já tomara a Iugoslávia e que estavam perto de alcançar o nosso país. Mas Stalin, em mais um de seus discursos pomposos, calhava a dizer que estava tudo sob controle e que a “soberania Soviética não seria abalada”. Todos preocupados e apreensivos, quase havendo um ataque de medo coletivo, e você lá... no seu cantinho; preocupado apenas em conseguir se equilibrar a fim de alcançar o vaso de rosas que seu pai trouxera pra me agradar. <br /><br />Seu pai. Ele era um rapagão alto e loiro; robusto e de olhos claros, com a diferença que os cabelos foram arruivando-se com a idade, o que era estranho para um típico russo como ele. Pensando bem, talvez fosse a exposição a grandes períodos de Sol que ele era submetido quando esteve no Exército Soviético. Falando nisso, a farda dele foi o que, de fato, fez a sua mãe se apaixonar loucamente. Teve uma vez que ela chegou correndo da rua e disse-me com pressa: - Mamãe, mamãe... – (expirava, inspirava,expirava, inspirava) - ...acabei de encontrar o soldado mais bonito do mundo lá na Praça Vermelha (olha que curioso, a bendita Praça na nossa vida de novo). E eu, com receio de que seu avô escutasse, disse pra ela falar baixo antes ele pudesse imaginar que a sua filhinha querida vivia por aí a espreitar “malditos rapazes comunistas”, como ele dizia.<br /><br />Seu avô ainda acreditava que os Czares eram os verdadeiros representantes da Nação e queria que a Monarquia voltasse (apenas ideologicamente, ele não era louco de enfrentar o poder); achava também que os soviéticos eram um bando de corruptos sujos e sem caráter. Certo dia, quando estava enfermo, ouviu alguém comentar da sala o nome de Lênin; ele, lá do quarto, tirou forças não-sei-d’onde e bradou bravamente: - Maldito seja esse filho da puta (desculpe-me o baixo calão).<br /><br />Apesar de você ser muito mais sereno, eu via, na sua adolescência, muito dele; principalmente a voz grossa de pastor de ovelhas dizendo aos berros: - Ô Vó, ô vó; minha irmã jogou pedra na janela do vizinho. Pareciam duas crianças, você e ela. Não entrarei em detalhes sobre a pessoa de sua irmã porque poderei ser leviana e escrever besteiras, pois você a conhece muito melhor do que eu.<br /><br />Bom, meu filho. Depois que eu vim para a ponta da bota da Itália, a nossa relação fui muito distante e isso foi muito penoso pra mim; você, além de um neto querido e único sobrevivente da sua geração, sempre foi um representante do seu avô ao meu lado, o que alimenta ainda mais o meu pranto. Estava aqui fazendo as contas e relatei que desde 1963 não nos vemos. Sinto muito a sua falta; os portugueses diriam saudade. Pena que não poderei conhecer sua esposa e seu filho (o nome dele é mesmo Vlaskes? – se for, é um belíssimo nome) e nem te dar um grande abraço. Espero-te na próxima vida (se é que há outra). <br /><br />Ah, espero que goste da foto. Tenho certeza que ela trará ótimas recordações.<br />Adeus. Arrivederci (como dizem por aqui).<br /><br />Atencionamente e com muito carinho,<br />sua querida avó Clara Vucovick.Fabrício Vieirahttp://www.blogger.com/profile/09656853753669370285noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-2638252518449223020.post-76422999171566664012008-11-24T16:04:00.000-08:002008-11-24T16:05:00.507-08:00Mais uma vez pendurado.<br />Pendurado do lado de fora; <br />do lado daqueles que não entrarão;<br />do lado daqueles que nem sequer se esforçaram;<br />do lado dos que fracassaram.<br /><br />Mais um ano sem tempo.<br />Dediquei-o apenas pra ter a oportunidade de jogá-lo no lixo.<br /><br />Estou mais uma vez aqui.<br />Barrado por alguns pontos. <br />Surrado por ter sido tão infantil.<br /><br />Mais uma vez traído.<br />Traído pelo meu descontrole;<br />Pela confiança e luta que se deixaram levar pelo medo.<br /><br />Medo de quê?<br />Medo de vencer?<br /><br />E aquele cara forte que arrebentava a mão <br />na parede do banheiro e que jurava que ia vencer?<br /><br />Esse cara.<br />.<br />Esse cara me abandonou na porta daquela sala.<br />Esse cara ficou em casa esperando-me chegar com boas notícias.<br /><br />Agora ele está aqui dentro me perguntando o que deu errado.<br />E eu nem consigo olhar pra cara dele.<br /><br />É, Fabrício.<br /><br />Avise-me quando for homem o bastante <br />pra ultrapassar a Primeira Fase da sua vida.<br /><br />Seu fraco.Fabrício Vieirahttp://www.blogger.com/profile/09656853753669370285noreply@blogger.com5tag:blogger.com,1999:blog-2638252518449223020.post-90453608543691929052008-09-16T20:42:00.000-07:002008-09-16T21:08:59.700-07:00Diálogo TaciturnoEi, lembra da maçã?<br /><br />(...)<br /><br />Como não?<br /><br />É aquela que eu quase esqueci encima da carteira e que depois fiquei com dó de comê-la de tão linda e avermelhada que era.<br /><br />Lembrou agora?<br /><br />(...)<br /><br />Pois então, de fato eu não a comi.<br />Agora, o porquê eu não sei.<br />E olha que eu cheguei a tirá-la do plástiquinho. <br /><br />Foi por pouco mesmo. <br />Ela escapou fedendo.<br /><br />Tudo bem, pode até ser um desrespeito aos que têm fome, mas e se ela for uma daquelas que envenenou a Branca de Neve? <br />Pior. E se for uma daquelas que a Serpente empurrou à Eva?<br /><br />Não sei se estou fazendo bem em não tocá-la, sabia?<br />Bom, se bem que ela está com uma cara ótima.<br />Nossa! Já dá água na boca só de pensar.<br /> <br />Já imaginou em cada pedaço que amassa com doce no canto boca?<br />Hum! Que doce.<br /><br />É...<br />Ela está aqui ao meu lado a fazer-me companhia (com H) e a refletir a luz que sai da lâmpada amarelada do meu quarto.<br /><br />Têm vezes que parece que ela me intimida, viu?<br /><br />Parece que quer uma explicação pra todas essas e aquelas palavras.<br />E depois dá a crer que não quer saber mais de palavra nenhuma.<br /><br />Tudo bem que eu também não ando agindo lá essas coisas.<br />Não sei o que acontece. <br />Esse reflexo todo me intimida duma maneira que eu não consigo olhá-la diretamente e agir como se tudo estivesse normal.<br />Mas isso é coisa da minha cabeça.<br /><br />Sem contar que também...<br /><br />Ei, maçã?<br />Você ainda está aí?<br /><br />Maçã?<br /><br /><br /><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi47lRVxgpuM52UmdAqwVBAvxCst30w3khYbCkG_8EcDU8M0Zm8Mxj3_9RILk3YEH90km_3OJf3qcbELtjVPiRiGpIpwMvOXl65lmDzThY69SvlOAG6uZVbX4z5zhFZGl9gKVaW1h7KoiMS/s1600-h/aaa.JPG"><img style="display:block; margin:0px auto 10px; text-align:center;cursor:pointer; cursor:hand;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi47lRVxgpuM52UmdAqwVBAvxCst30w3khYbCkG_8EcDU8M0Zm8Mxj3_9RILk3YEH90km_3OJf3qcbELtjVPiRiGpIpwMvOXl65lmDzThY69SvlOAG6uZVbX4z5zhFZGl9gKVaW1h7KoiMS/s400/aaa.JPG" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5246830965058760370" /></a>Fabrício Vieirahttp://www.blogger.com/profile/09656853753669370285noreply@blogger.com9tag:blogger.com,1999:blog-2638252518449223020.post-26277354260677823782008-09-14T15:21:00.001-07:002008-09-14T15:56:26.637-07:00O Mistério do CháNão há nada mais misterioso do que aquele olhar.<br />Acho meio terrorista da minha parte porque isso as vezes toma conta da minha cabeça.<br /><br />Quando eu fecho os olhos, quando vejo algum reflexo no espelho do ônibus (e não há nada mais morrântico do que um ônibus), na fumaça do chá preto (que é o meu predileto), e até nos minutinhos pré-sono, é que o esbranquiçado daqueles dentes e aqueles lábios pouco tocados, me seduzem com o ar mais Iracemístico que o Zé de Alencar poderia tentar traduzir com todas as suas melhores personificações. <br /><br />Leitora, sabe aquele olhar lindíssimo? <br />Justo aquele que vem acompanhado de um sorriso capaz de fazer covinha nas partes mais inesperadas da bochecha esquerda?<br /><br />Então, é esse sorriso que me puxa pra dentro daquele mundo tão enigmático que mistura a vontade de tudo com o medo nada; com a vontade de nada e o medo de tudo.<br /><br /><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEheFTP1lBu9igK72DX6RvttsuPVoobpQADV42pN1pBWc2sQ_o6HQEwSkFO7fN2es9-KPS7wlKObiutqHRnffkZD7ZhsjcY2erxGwrKWy_FrsvpN5FZR4dX4PVvIRaY4YLjincmeHsNtmegi/s1600-h/blog_cha_da_sha_hahaha.jpg"><img style="display:block; margin:0px auto 10px; text-align:center;cursor:pointer; cursor:hand;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEheFTP1lBu9igK72DX6RvttsuPVoobpQADV42pN1pBWc2sQ_o6HQEwSkFO7fN2es9-KPS7wlKObiutqHRnffkZD7ZhsjcY2erxGwrKWy_FrsvpN5FZR4dX4PVvIRaY4YLjincmeHsNtmegi/s320/blog_cha_da_sha_hahaha.jpg" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5246014575437984130" /></a><br />Ah, mas aqueles olhares perdidos em meio a Células Epiteliais e Matrizes Inversas.<br />Um tentando fugir do outro, com aquela coisa de que ninguém pode perceber.<br />Sem contar os sorrisos de canto de boca; aliás, sorrisos esses que riem sem saber por quê.<br /><br />Que loucura meu Deus.<br />Que loucura.<br /><br />Vou tomar meu chá antes de dormir.<br />Ah! E é chá preto, viu?<br />Esse é o meu predileto.<br /><br />O Mistério do Chá continua sem me dar nenhuma pista além de sorrisos escondidos.<br />Se é que eles querem dizer alguma coisa.Fabrício Vieirahttp://www.blogger.com/profile/09656853753669370285noreply@blogger.com5tag:blogger.com,1999:blog-2638252518449223020.post-78085742542596083652008-08-17T15:46:00.000-07:002008-08-29T19:41:49.968-07:00O PsicográficoSim. <br />As pessoas enjoam-se da outras.<br />Se tu fizeres aquele feliz, ele será feliz. <br />Se fores sensato, a recíproca será verdadeira.<br />Caso contrário, e assim não ocorrendo: cada um pro seu lado e boa. <br />Boa sorte.<br /><br />Não.<br />Nem sempre é assim.<br />Na verdade é assim quando não há amor.<br />Quando os sorrisos não duram mais que um segundo.<br />Um sorriso. É isso: faltava um sorriso.<br /><br />Bem.<br />Esse texto não quer ser escrito, mas a psicografia toma conta do resto.<br /><br />Um dia de sábado como qualquer outro; a diferença dos demais era que acabara de romper um relacionamento afetivo e de fazer uma prova de História e Química.<br /><br />Foi no ônibus.<br /><br />Ele estava bebaço. <br />Era engraçado no começo. Disse que só havia tomado uma.<br />Sim, ele só havia tomado uma: garrafa de pinga.<br />Eu sempre rio dos bêbados; o álcool parece que dá às pessoas uma pitada de <em>Didi Mocó Sonrisal Colesterol Novalgino Mufumbo</em>.<br /><br />Ele me perguntou se usava drogas.<br />- Não, senhor. E nunca hei de usar. Respondi.<br /><br />- Tens amigos que usam? Retrucou.<br />- Sim. Uma porção; mas a primeira vez que me ofereceram disse que não o fizessem novamente.<br /><br />As lágrimas foram muitas. Tomaram conta dele e de mim.<br />Apesar de não entender o porquê, confesso que meus olhos umedeceram. <br /><br />Disse-me que tinha um filho de quinze anos que se encontra internado numa clínica para reabilitação de usuários de droga.<br />Chorava, indagava por qual motivo o garoto poderia causar-lhe tanta vergonha, como aquele menino poderia traí-lo dessa forma.<br /><br />Foi uma tristeza muito grande que tomou meu coração.<br />Eu chorei muito por dentro. Chorei mesmo.<br /><br />Disse o que pude.<br />Disse pra ele não beber. <br />Não seria exemplo pro garoto que ele chegasse alcoolizado em casa.<br /><br />Agradeceu-me como pôde.<br />Fiquei muito grato por isso.<br />Chegou o ponto em que eu deveria descer.<br /><br />- Vá com Deus senhor. Desejo-lhe sorte com seu filho; dará tudo certo.<br /><br />Quando eu estava no banho. (o banho sempre me arranca boas idéias)<br />Lembrei que ele me dissera que mesmo assim nunca iria abandonar o filho.<br />Aqueles eram os olhos dele, a cor dele, o sorriso dele. <br />Era como se abandonasse a si mesmo.<br /><br />Um amor tão grande tomou meu coração.<br />Senti uma vontade enorme de amar naquele instante.<br /><br />Dei-me um abraço muito forte. <br />Aproveitei e cocei minhas costas.<br />Só não me vi no “box” porque o vapor ofuscara minha imagem.<br /><br />Tive vontade de olhar para mim.<br />Passei a mão no vidro e consegui ver meu rosto.<br />Olha lá: eram meus olhos, a minha cor, o meu riso.<br />Não havia sorriso. Só riso.<br /><br />Aquele homem me deu um pouquinho de esperança.<br /><br />Nós não podemos nos abandonar.<br />São nossos olhos, somos nós.<br />São as nossas emoções.<br /><br />São os nossos corações.Fabrício Vieirahttp://www.blogger.com/profile/09656853753669370285noreply@blogger.com6tag:blogger.com,1999:blog-2638252518449223020.post-13562815910560934702008-07-28T05:45:00.001-07:002008-12-10T03:54:45.808-08:00pre-Fá-cioPois é. <br />Diz a lenda que eu nasci no dia 28 de julho do ano de 1989, às 13 horas.<br /><br />Papai me olhava do vidro da incubadora como se fosse o seu primeiro filho; sempre mantendo aquele olhar carinhoso e observador de quem diz:<br />- “Olha lá! Essas orelhas são minhas.” <br />Mamãe repousara na cama do hospital para se recuperar da luta para me dar à luz. Não fora fácil pra ela tirar aquele gordinho cabeçudo, chorão e amarelo por parto normal. Coitadinha dela.<br />Meus irmãos esperavam ansiosos a cegonha chegar com o mais novo irmãozinho, e prontos para serem esquecidos por pelo menos alguns anos até que eu fosse mimado por inteiro.<br />Meu berço e meu lençol de leãozinho também aguardavam a minha chegada, apreensivos. Mas não tiveram a ventura de me ver.<br /><br />Era um dia chuvoso de inverno.<br />Minha ida para casa era incerta, pois a coloração amarelada da minha pele e o brancura excessiva dos meus olhos não eram por acaso. Estava com icterícia. Tive que passar mais algumas horas no hospital.<br />Agradeço a Deus até hoje pelo fato do médico não ter me liberado. Não que eu tenha gostado do hospital, mas é que nesse mesmo dia aconteceu o que ninguém esperava.<br /><br /><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh9CO9SGB04IoNNmXoDIB5QL8gJ3FKe2Lp_fZZXzCFAsm1nlHVl5E4E5EJu_m9_UumYGDTWwCJOMayZ1wMXiwBncMDNu7EyFspST7ImS9t70Lk00ueOncIG9ZMGykb7DqX3j2oui8Cgjtb3/s1600-h/foto+bambino.jpg"><img style="display:block; margin:0px auto 10px; text-align:center;cursor:pointer; cursor:hand;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh9CO9SGB04IoNNmXoDIB5QL8gJ3FKe2Lp_fZZXzCFAsm1nlHVl5E4E5EJu_m9_UumYGDTWwCJOMayZ1wMXiwBncMDNu7EyFspST7ImS9t70Lk00ueOncIG9ZMGykb7DqX3j2oui8Cgjtb3/s320/foto+bambino.jpg" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5227877997319051746" /></a><br />A chuva ardia e os ventos tossiam incessantemente.<br />Ao lado da minha casa há, e já havia naquele tempo, um extenso jardim com coqueiros, pés-de-limão e uma porção de espadas de São Jorge. Hoje já não há mais o pé-de-abacate que havia antes daquele dia. <br />Ele não existe mais porque a tempestade daquela noite o derrubara. Não só o derrubara como o direcionara ao que era pra ser meu o berço.<br /><br />O abacateiro cedeu arrastando fios, telhados e madeiras até que seu tronco deu com meu o lençol de leãozinho. Ele acabou com o meu primeiro bem material e com o quarto dos meus pais.<br /><br />Um dia, uma velha vizinha, aquela que todos têm medo, me parou na rua e disse: <br />- É garoto, era pra você e seus pais terem morrido aquele dia.<br />De fato não havia ninguém na casa; todos estavam no hospital a espreitar a minha melhora. Mas depois de saberem do ocorrido, meus pais ficaram muito felizes por essa árvore ter caído num dia e num horário convenientes. <br /><br />Passaram-se dezenove anos. <br />Agora, depois de ter escapado da árvore assassina e de ter sonhado em ser jogador de basquete, cá estou com meus novos sonhos.<br />Eu não sei quem quero ser. Não sei o que quero ser. Mas serei.<br /><br />Não sei se é economia, jornalismo, geografia, história ou literatura, mas a coisa que me dá mais prazer é tocar violão e cantarolar cantigas antigas.<br /><br />Ouço Chico Buarque e João Gilberto na minha nova vitrola velha.<br /><br />Leio Vinicius de Moraes e Manuel Bandeira e tento dar uma de poeta.<br />Leio Fernando Sabino e dou uma de cronista. <br /><br />Faço bolinhos de chuva sabor maçã e banana. <br /><br />Não tenho tempo pra jogar basquete e tenho preguiça de andar de bicicleta e levar a minha cachorra pra passear.<br /><br />Amo meus pais e toda a simplicidade deles. Tenho neles, juntamente com meus irmãos, meus exemplos de determinação e superação.<br /><br />Sinto calafrios por uma garota que tem a língua presa mais linda do mundo e que é quase, eu disse quase, do meu tamanho.<br /><br />O cara que eu considero meu melhor amigo se chama Gabriel Mendes e eu amo muito esse cara e a sua família. Ele é quem ri comigo das nossas baboseiras intelectuais e dos nossos comentários maldosos sobre a vida alheia. É o único que viaja nos sons como eu.<br /><br />Conheci nesses últimos anos pessoas maravilhosas. Batalhadoras que lutam pelo mesmo objetivo que eu. Aprendi e aprendo muito com elas.<br /><br />Apesar disso tudo,<br />Eu não sei quem quero ser.<br />Não sei o que quero ser.<br />Mas meus sonhos me carregam nos braços.<br />Minha responsabilidade me livra de abacateiros que venham cair na minha cabeça.<br />Minha fé em mim me assopra em direção aos meus objetivos.<br /><br />Hoje choro sozinho, mas não é de tristeza.<br />Meu choro é de saudade. <br />Saudade do futuro que hei de ver.<br />Saudade do que ainda hei de ser.Fabrício Vieirahttp://www.blogger.com/profile/09656853753669370285noreply@blogger.com6tag:blogger.com,1999:blog-2638252518449223020.post-33543306344411345872008-06-30T20:00:00.000-07:002008-07-01T19:42:31.847-07:00SorrateiramenteEla se chamava Camila; não lembro o sobrenome.<br />Era, até então, o amor da minha vida.<br /><br />Tudo bem, não era lá essas coisas, mas tinha um sorriso encantador e respondia a todas as perguntas que a professora fazia.<br /><br />E eu? <br />Era virgem até de orelha.<br /><br />Estava na terceira série e o máximo que eu sabia de uma mulher era que elas tinham que usar uma negócio branco entre as pernas não-sei-pra-que.<br /><br />Tinha acabado de chegar da minha temporada em Fortaleza.<br />Estava com a barriga bem saliente; fruto da dieta de hambúrguer e suco de caju que meu irmão colocara à minha disposição durante seis meses.<br /><br />Apesar de ser um cabaço assíduo, eu tinha a tática infalível:<br />Para que a garota não percebesse que eu passava o dia inteiro olhando pra ela, eu cobria o rosto com as mãos e, por entre as frestas dos dedos, espiava-a a aula inteirinha. Sorrateiramente.<br /><br />Ela nunca descobriu. Talvez nem desconfiasse de tal façanha.<br />Eu, pra ser sincero, tinha certeza que ela me achava um gordinho sem graça.<br />Sei lá. Pode até ser que ela me achasse “profundo demais”; vai saber.<br /><br />Hoje eu voltei a me sentir assim.<br /><br />Estranho, porque não é fácil se pegar com oito anos de idade.<br />É triste saber que eu ainda espreito a garota como na terceira série.<br /><br />Enfim.<br /><br />Não sei se isso é o pior de tudo,<br />Mas uma coisa é fato: é deprimente saber que eu ainda sou virgem de orelha.Fabrício Vieirahttp://www.blogger.com/profile/09656853753669370285noreply@blogger.com5tag:blogger.com,1999:blog-2638252518449223020.post-33182464395881914882008-06-15T20:34:00.000-07:002008-12-10T03:54:45.971-08:00De fora pra dentroProcuro motivos pra conseguir entender porque eu tenho passado esses últimos dias feliz. Isso é muito estranho porque há um erro na ordem das coisas. Geralmente, o caminho é o contrário: primeiro é preciso encontrar motivos pra ser feliz, e não ser feliz pra depois encontrar motivos.<br /> <br />Quem me vê andando por aí com feição feliz e sorridente deve achar que eu sou daqueles que acorda e diz bom dia pro passarinho, que ri até das piadas do Faustão ou que passa horas escutando Tiririca. Bom, pensando bem, tirando o escutar Tiririca eu sou um pouquinho disso aí. <br /><br />As vezes eu pareço meio maluco, principalmente no ônibus. Eu canto alto; canto mesmo. Tudo bem, não tão alto assim, mas a pessoa do lado consegue escutar um som vindo da minha boca que soa algo como: “Não solta da minha mão, não solta da minha mão”, “Apesar de você amanhã há de ser outro dia” ou “Florentina, Florentina, Florentina de Gesuis”. Não. Esse último não. <br /><br /><br /><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjNdlv2tXSFyLG9N4eQZH_SLL1EqHIBtDGg8K_yVK0h4lX9RH6jxqVF7aj3lPM6cOfLhSSM_u8NAacBLhRljsJXm87jsDgMmDRZD2gInfSPinYxBmnNyAeoikNVz6dse0cIhFhAt2atatwN/s1600-h/lucas_banguela.jpg"><img style="display:block; margin:0px auto 10px; text-align:center;cursor:pointer; cursor:hand;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjNdlv2tXSFyLG9N4eQZH_SLL1EqHIBtDGg8K_yVK0h4lX9RH6jxqVF7aj3lPM6cOfLhSSM_u8NAacBLhRljsJXm87jsDgMmDRZD2gInfSPinYxBmnNyAeoikNVz6dse0cIhFhAt2atatwN/s320/lucas_banguela.jpg" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5212318476773766962" /></a><br /><br />Pensando bem, eu acho que o motivo disso tudo é que quando me encontro sozinho, ou seja, sem nenhum relacionamento amoroso, eu pareço ser mais feliz. Não que eu não seja quando estou acompanhado, mas o fato de eu olhar mais pra mim, para as minhas atitudes e para o meu nariz, me deixa bem. Na maioria das vezes, quando se está com alguém (ou afim) é muito comum observar o que a outra pessoa anda fazendo, quem está deixando recados na página do Orkut dela ou qual vai ser a atividade do final de semana. Nesse movimento totalmente natural e inconsciente é comum a pessoa esquecer-se dela mesma, não lembrar das suas prioridade e até mesmo deixar seu antigos discos de lado.<br /><br />Digo isso porque essa semana voltei a escutar uma das bandas que fazem parte do eu costumo chamar de repertório do sono vespertino. Sim, vespertino. É que quando a minha vida era boa, em meados da oitava série, eu voltava do colégio e dormia a tarde inteirinha; bons tempos aqueles. Pois bem, a banda se chama Smashing Pumpkins. O som é ótimo; os agudos baixinhos do vocalista são maravilhosos e muito bons pra dormir. Uma delícia.<br /><br />Bom, voltando ao assunto da felicidade. Eu ainda não sei por que estou feliz. Talvez seja por conta do caso libanês (de dois textos abaixo) ter "saído" minha da cabeça; ou pelo fato de eu ter chegado em casa ontem e a minha nova amiga, a Chiquinha (minha vitrola), estar arrumada e pronta pra tocar os meus novos discos; ou porque achei o simulado de ontem fácil. Não sei. Nem venha me perguntar, pois ainda não encontrei a resposta. <br /><br />Mas quer saber? Estou achando isso tudo uma merda. Acho mesmo que me falta alguém. Minha vida anda muito certinha, sem brigas e desentendimentos; talvez falte um pouco disso, mesmo que sobre felicidade nesse momento. <br /><br />Eu preciso de alguém pra reparar a maquiagem, pra mandar mensagens, pra dar ritmo, pra escrever poemas, pra ter ciúmes, pra cantar pra ela, pra chorar por ela e o melhor: pra dividir a minha felicidade com ela. Porque, afinal, é um porre ser feliz sozinho.Fabrício Vieirahttp://www.blogger.com/profile/09656853753669370285noreply@blogger.com8tag:blogger.com,1999:blog-2638252518449223020.post-29805685961552648702008-05-24T14:17:00.000-07:002008-12-10T03:54:46.387-08:00Ser ou não ser? Eis a questão.Andar pelas proximidades da Avenida Paulista às vésperas da Parada Gay é uma oportunidade ímpar. Por alguns instantes eu me senti na “Gaylândia”. A Rua Frei Caneca (mundialmente conhecida como Gay Caneca; tadinho do Frei) parecia a <em>Village People Avenue</em>. Não que eu seja simpatizante da causa, tampouco preconceituoso em relação a ela (logo entenderão porque), mas eu achei as coisas que vi hoje dignas de merecerem um texto. <br /> <br />Eram casais de homens que andavam pela rua de mãos dadas e trocando carícias, casais femininos que se beijavam; todos sem nenhuma preocupação, com ar de quem não deve nada a ninguém (não devem mesmo) e de quem não está nem aí com o que os outros pensam. Aliás, reparei também os outros: senhoras e senhores de idade com aquelas pomposas e enrugadas caras de “meu Deus, mais que absurdo” ou “onde esse mundo irá chegar?”. Diverti-me muito com isso.<br /><br />A cena que mais me chamou atenção foi um cidadão cujo traje restringia-se a uma sunga-fio-dental-rosa que fazia flexões de braço no meio da calçada, enquanto seu companheiro lhe passava óleo nas costas e batia na sua bunda com uma raquete de frescobol (hahahahahaha). Calma! Antes que você pense que isso é verdade e acabe concordando com os velhinhos que não sabem onde esse mundo irá chegar, eu vos digo, caro leitor, toda essa cena é mentira. Mas pensando bem, seria muito engraçada de ser vista.<br /><br />Eu acho legal comentar esse tipo de assunto, porque, pasme: mesmo com toda essa minha macheza à flor da pele e essa inigualável masculinidade, tem gente que acha que eu sou boiola. Sério Mesmo. Desde a primeira vez que um amigo meu (Vandré) disse que antes de me conhecer jurava de pés juntos que eu era uma bichona, eu fiquei com isso na cabeça. Vira-e-mexe eu me pego a reparar as minhas atitudes com a intenção de achar algo que me comprometa ou que confira a mim um toque de viadagem.<br /><br /><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiXE_4Yn_57AXht1CwvEgLINMwA-Skh_XIbbEl8zs-sJjbqToex-1VHyg4liyLI2zkoVwP-km7BipmR4FvwZg3hZgKzhHSRC-Bm4YECbx43a3cFkgwTHSjuFaSab6KeIB2fStKaA4Y9qpPO/s1600-h/a.jpg"><img style="display:block; margin:0px auto 10px; text-align:center;cursor:pointer; cursor:hand;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiXE_4Yn_57AXht1CwvEgLINMwA-Skh_XIbbEl8zs-sJjbqToex-1VHyg4liyLI2zkoVwP-km7BipmR4FvwZg3hZgKzhHSRC-Bm4YECbx43a3cFkgwTHSjuFaSab6KeIB2fStKaA4Y9qpPO/s320/a.jpg" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5204058073145995330" /></a><br /><br />Nessa busca incessante por características que, eventualmente, poderiam comprometer a minha masculinidade, eu achei as seguintes: eu tenho muitas amigas mulheres (fato); eu reparo a maquiagem, o cabelo e as roupas das garotas (sou apenas um mero observador); eu sento com as pernas cruzadas (eu não tenho as bolas tão grandes a ponto de impedir tal movimento); e, por final: eu choro (e homem chora, nem vem com história).<br /><br />Engraçado. Quando eu estava procurando algumas idéias pra escrever sobre assunto, lembrei-me de uma coisa que aconteceu comigo essa semana. <br />Peguei o ônibus pra ir pra casa e, por coincidência, um amigo de um amigo meu (Guilherme Campbell, que eu conheci a pouco e que é muito gente fina) entrou com a sua namorada no coletivo. Ele faz o mesmo cursinho que eu, com a diferença que ele estuda em outra unidade. Enfim, conversávamos sobre as matérias, simulados e professores do cursinho; aquele papo de vestibulando maluco. <br /><br />Nessa conversa ele me falou que ela era uma “porta” em humanas, mas era muito bom em exatas. E como eu sou um humanórdico, comecei a dizer a eles os benefícios e os prazeres que a História, Geografia e Literatura proporcionam; falei também os motivos que me fazem gostar de Música Popular Brasileira, a genialidade dos artistas e tudo mais, quando ele me interrompe com a seguinte pergunta: - VOCÊ É GAY? Eu, como já estou acostumado com esse tipo de coisa, fui cauteloso e expliquei a ele que gostar de música, letras e poesias não significa ser viado, mas sim um apreciador das coisas pequenas e irrisórias.<br /><br />Isso tudo não foi uma tentativa de falar pra vocês se eu sou uma frutinha ou não, de fato não sou. Quem me conhece sabe disso. Mas, meu amigo, se você ainda não consegue respeitar a opção sexual das pessoas, desculpe-me, você ainda está nos tempos antes de Cristo. E outra, quem sabe, você ainda terá filhos, sobrinhos, etc. Pense nisso.<br /><br />Passar bem.<br /><br />obs: só uma outra coisa rápida, meu blog fez agora (dia 17) um ano de idade, parabéns pra ele.Fabrício Vieirahttp://www.blogger.com/profile/09656853753669370285noreply@blogger.com7tag:blogger.com,1999:blog-2638252518449223020.post-43178598979178884372008-05-11T12:14:00.000-07:002008-12-10T03:54:47.074-08:00Dia das MãesQuando eu ando um pouco sensibilizado com algo, sei lá, seja algum desentendimento em casa, por alguma nota baixa no simulado ou por algum amor não correspondido, eu me emociono por qualquer coisa.<br /><br />Essas semanas que agregaram os últimos dias de abril e os primeiros de maio ocorreu (e ainda ocorre) o que eu costumo chamar de amplitude térmica amorosa. Em outras palavras, o fato é que em poucos dias eu me apeguei muito a uma garota, sendo, nos primeiros, a recíproca verdadeira; mas acontece que nos últimos as coisas têm mudado bastante. Resumindo: ela sumiu (como sempre acontece) e quando aparece “seus olhos não brilham mais”. Mas acho melhor já ir me acostumando com isso, pois pelo que parece, isso não irá mudar. <br /><br />Juntando esse pranto silencioso ao desespero de um vestibulando, eu tenho passado esses dias muito mal e melancólico, escutando músicas com melodias tristes e letras mais ainda. De todo jeito eu tento disfarçar com um sorriso todo esse sentimento que costuma nos pôr pra baixo. Mas enfim...<br /><br /><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgdoFbfq2T357825UbO9nBH0CCFTF9sCNA6p633B6lCErB-MewVMIcqAmCCwcgzzvrtqZBEJx8iuecZUg2sJ_1TSs2RJuZ6YApOTK9SyEqp_wNdE1swlr8ZTPraVWhoOTasIe_IlE6EaAMp/s1600-h/rosas.bmp"><img style="display:block; margin:0px auto 10px; text-align:center;cursor:pointer; cursor:hand;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgdoFbfq2T357825UbO9nBH0CCFTF9sCNA6p633B6lCErB-MewVMIcqAmCCwcgzzvrtqZBEJx8iuecZUg2sJ_1TSs2RJuZ6YApOTK9SyEqp_wNdE1swlr8ZTPraVWhoOTasIe_IlE6EaAMp/s320/rosas.bmp" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5199202507646400882" /></a><br /><br />Hoje de manhã, quando voltava da casa de um amigão meu, depois de ter dormido lá porque ocorrera seu aniversário no dia anterior, peguei o trem na estação do Jaraguá sentido Luz. Pensava em chegar logo em casa pra abraçar a dona Neuma e desejá-la um feliz dia das mães e pegar o meu celular (que tinha esquecido) pra ver se não tinha nenhuma mensagem do Líbano.<br /><br />Pois bem, enquanto a “lata de sardinha” oferecida pelo nosso querido Estado que se preocupa muito com o bem-estar do povão que mora nas sub-periferias da cidade de São Paulo deslizava pelos trilhos, passou um rapaz que aparentava ter uns vinte anos de idade; sem uma das pernas e a outra defeituosa. Estava sendo empurrado numa cadeira de rodas pelo vagão a fora por outro cara e entregava pedaços de papel que, escrito neles, palavras pediam uma contribuição de dez centavos. Peguei um deles,o li, abri minha carteira e apanhei algumas moedas. <br /><br />Junto a mim, um senhor bem acabado, mal vestido, com uma cara sofrida e surrada pela vida, também separou algumas moedas, e bem graúdas por sinal. Na volta, o pedinte passou recolhendo as contribuições. Tomou a minha, agradeceu-me e foi de encontro ao senhor citado. Este abriu um sorriso àquele e deu o dinheiro com o peito cheio de ar e alegria. Eu, vendo aquilo, não agüentei a emoção e comecei a chorar baixinho, só pra mim, dando, portanto, sentido às minhas palavras do primeiro parágrafo desse texto.<br /><br />Refleti uns segundos. Achei aquilo tão lindo, grandioso, magnífico e honroso que eu quase levantei e fui dar um abraço naquele homem. Pensei logo nas pessoas que são culpadas pelo caos social no nosso país, que jorram moedas e dólares pelos orifícios dos seus corpos e que não teriam a bondade e compreensão que teve esse senhor. Tenho quase certeza que esse dinheiro ia fazer falta a ele, mas iria fazer muito bem ao rapaz da cadeira de rodas, e ele pensou nisso. Disso tudo eu cheguei à conclusão que agente precisa ter um pouco mais de amor e compaixão pelas pessoas, sermos menos individualistas e pararmos de tratar as pessoas como se elas fossem descartáveis.<br /><br />Após o ocorrido, parei de ler as crônicas libanesas, apanhei minha lapiseira 0.7, minha borracha suja e comecei a escrever esse texto. Desci na estação de Osasco com ele semi-pronto, esperei alguns minutos o Bigode chegar. Concluí mais algumas coisas no carro. Chegando em casa, fui ao vizinho, apanhei algumas flores, depois fui até à mamãe, entreguei-lhe as flores, dei um abração carinhoso, choroso e agradecido por tudo. Corri direto pro quarto, peguei o celular: não tinha nenhuma mensagem. Senti-me um pedinte que não recebe esmolas. Terminei o texto, terminou o meu dia. <br /><br />Frase do dia: “O amor não prospera em corações que se amedrontam com as sombras.” (William Shakespeare)Fabrício Vieirahttp://www.blogger.com/profile/09656853753669370285noreply@blogger.com4tag:blogger.com,1999:blog-2638252518449223020.post-18306196372111420382008-03-04T19:48:00.000-08:002008-12-10T03:54:47.637-08:00Queridos e Poucos AmigosEu sou um cara de poucos amigos; tal quantidade dá pra contar nos dedos (de uma mão). Não sei se isso é bom ou ruim, mas tenho certeza que com eles posso contar de verdade, assim como podem contar comigo também. Talvez isso não acontecesse se eu tivesse um monte e não mantivesse uma amizade próxima, sadia e sincera como a que eu tenho com algumas pessoas que estão do meu lado e são testemunhas do meu desenvolvimento e da minha vida.<br /><br />Muitos ficaram pra trás; alguns por causa do tempo, do distanciamento, alguns pelo simples fato das idéias não se encontrarem mais, ou porque escolheram tipos de diversões que não me convêm. Outros nunca foram meus amigos de verdade, não passaram de companheiros durante algum tempo, mas é desses que as vezes eu sinto falta. É mais ou menos como aquela frase do Fernando Pessoa: "O valor das coisas não está no tempo que elas duram, mas na intensidade com que acontecem". <br /><br /><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh_Ejbry5-5bujiWhnKE1_CxTNKMRMMmaKQkgJDzkQHKVvqCe1odsv7uX2Dqs9nv_s0Wor4TV5PoGzUHerhxEE53SLkJvKBsKZ0_vpRQmai5M37plrzTNWASbglXIWIN79sW2RP1rdpZfG0/s1600-h/untitled.JPG"><img style="display:block; margin:0px auto 10px; text-align:center;cursor:pointer; cursor:hand;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh_Ejbry5-5bujiWhnKE1_CxTNKMRMMmaKQkgJDzkQHKVvqCe1odsv7uX2Dqs9nv_s0Wor4TV5PoGzUHerhxEE53SLkJvKBsKZ0_vpRQmai5M37plrzTNWASbglXIWIN79sW2RP1rdpZfG0/s320/untitled.JPG" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5174100166861604818" /></a><br />Na segunda série, quando eu tinha sete anos de idade, estudei no Colégio Nossa Senhora da Misericórdia, em Fortaleza. Minha família mudara para a cidade na tentativa de montar um negócio, sendo assim, moramos uma temporada por lá. Como minha mãe viu que as expectativas não eram das melhores, voltou depois de seis meses, mas meu irmão mais velho (Guga) resolveu ficar e levar a sua vida. Como eu ainda não tinha terminado a série, “enchi o saco” da mama pra ficar com meu irmão até terminar o ano. Depois de muita insistência, a coroa cedeu. <br /><br />Bom, eu nada mais era do que um extraterrestre. Isso tudo porque eu tinha os cabelos longos, falava feio (sotaque paulisssssta, como eles diziam) e era o filho do gigante (apelido dado por causa dos dois metros do meu irmão). Passei muita raiva e fui muito zoado aquele ano, a ponto de voltar pra casa chorando quase todos os dias. Comovido com a minha situação, um garoto moreno e de olhos verdes, cuja única semelhança comigo era o fato também ser debochado pelos demais alunos; mas no caso dele era por conta dos quilinhos a mais que tinha. Certo dia sentou-se ao meu lado e tornou-se meu amigo inseparável.<br /><br />Chamava-se, ou ainda se chama (assim espero), Claudinei (vulgo Claudéco). Ele morava na frente da praça principal onde tinha umas mangueiras enormes (mangueiras = pés de manga, para os mais espertinhos); sempre me chamava pra jogarmos bila (bolinha de gude) e para comer a maravilhosa tapioca doce que a mãe dele fazia. As vezes, quando meu irmão estava em casa, chamava-o para comer caju do pé - no quintal - jogar futebol, ver a vizinha tomar banho e jogar pedra nas vacas que o vizinho dos fundos tinha no seu pasto improvisado. Era muito boa a nossa amizade; ela completava um pouco a ausência dos meus pais e superava a hostilidade que sofria dos demais alunos da escola. Depois que voltei pra São Paulo, o encontrei duas vezes quando fui visitar meu irmão, tinha entre doze e catorze anos. Após isso, nunca mais o vi, mas ainda o guardo na lembrança.<br /><br />A última experiência que tive como esta faz alguns meses. Foi em meados de setembro e outubro do ano passado, só que dessa vez não foi um amigo: foi uma amiga. Ela chama-se A.S.F, mora perto da minha casa e fazia cursinho na minha sala, inclusive, falei com ela hoje pra marcar de pegar um livro e um DVD que estão com ela. Talvez esse episódio tenha me impulsionado a escrever esse texto. Mas enfim.<br /><br />Eu sempre comentava com meus colegas de classe o quanto eu “pagava um pau pra ela”. Ressaltava algumas de suas belezas, como o seu estilo, seus cachos dourados a fio, seu sorriso tímido, mas nunca tive coragem de conversar com ela, nem um oizinho. O que mais me incomodava era que um bobão da sala, daqueles que não consegue falar com nenhuma mulher, conversava com ela na boa; isso me incomodava muitíssimo.<br /><br />Um dia eu tomei coragem e disse: - Vamô lá Gabi?<br /><br />Mas é claro que eu não ia lá sozinho; “nem a pau” - do jeito que eu sou bunda mole - se não fosse ela pra me encorajar, eu não ia nunca. Mas fui, ou melhor, fomos. Conversamos o intervalo inteiro e foi aí que eu vi como o bobão conseguia conversar com ela, tamanha era a sua simpatia e serenidade. <br /><br />Depois, durante um mês e pouco, não nos largamos mais. Conversava-mos toda tarde ao telefone, estudava-mos juntos aqui em casa, as vezes eu ia na casa dela também, e foi aí que eu comecei a sentir algo a mais (aquele que sempre acontece) do que só amizade. Aconteceram algumas coisas nesse tempo, mas isso não vem ao caso. Num dado momento ela resolveu se afastar, ficou distante, enfim, não era a mesma pessoa, na verdade era, só que ainda não conhecia esse seu lado.<br /><br />Hoje o nosso relacionamento é bem superficial (uma pena). Sempre passo com a minha cachorra na frente da casa dela, mas nunca a encontro, não que essa seja a intenção, mas bem que poderia encontrá-la de vez em quando. Penso nela sempre que posso; ainda a considero uma pessoa muito importante e especial, apesar dos pesares e dos penares. <br /><br />Pois é. É assim que perdemos pessoas que poderiam ser nossos amigos pra sempre. Pessoas que têm os mesmos ideais, os mesmos sonhos e os mesmos gostos, e, por um simples acontecimento, ou por egoísmo de alguma das partes, essa amizade se perde no meio do caminho. O problema é quando, por esse e por outros motivos, nos afastamos de nós mesmos, sendo pessoas que não somos e tomando atitudes que não tomamos. De tudo isso, o importante é saber que amizades são para sempre, nós, não.Fabrício Vieirahttp://www.blogger.com/profile/09656853753669370285noreply@blogger.com7tag:blogger.com,1999:blog-2638252518449223020.post-28976210760389212822008-03-02T13:49:00.000-08:002008-03-03T07:47:42.350-08:00Boletim de OcorrênciaEra mais ou menos nove e meia da noite do dia primeiro de março.<br />Eu estava chegando ao ponto de ônibus no bairro da Lapa e percebi que a praça onde param os coletivos estava vazia e as poucas pessoas que se encontravam ali pareciam bem apreensivas. <br /><br />Enquanto estava sentado no banco esperando o motorista chegar pra seguirmos viajem, apareceu um homem sem camisa, de bermuda vermelha, cabelo bagunçado, com os cotovelos sangrando, encarando todos que estavam na fila. <br /><br />O motorista chegou para acalmá-lo, pois o cidadão estava bem agitado. Este se sentiu ameaçado e correu atrás daquele com um abridor de coco nas mãos, rua a fora. Foi aí que a minha aventura começou naquela noite de sábado.<br /><br />Eu fiquei assustadíssimo; não estava entendendo nada. Pessoas gritavam, algumas mulheres choravam; ninguém tinha o que fazer.<br />- Liga pra polícia, pelo amor de Deus. Gritava uma senhora de bolsa preta e cabelo pixaim. O homem hostil não conseguiu pegar o motorista e voltou para a praça. <br /><br />Pessoas corriam pra todos os lados para fugir dele e eu não fiz diferente. Enfiei-me dentro do ônibus junto com um rapaz de jeito afeminado que gritava de medo e tentei fechar a porta, mas a maldita não fechou. <br /><br />Eu ainda, sem entender nada, fiquei olhando de dentro toda a movimentação dos populares que morriam de pavor com toda fúria daquele rapaz. <br /><br />Ele veio em direção à porta do ônibus e me olhou nos olhos, fiz o mesmo e percebi que estava chorando e com o olho machucado, não parecia que queria me atacar.<br /><br />Ainda olhando pra mim, desabafou com as seguintes palavras: - Eu tenho quatro filhos que passam fome. Eu trabalhei o dia inteiro pra aquele f.d.p. vim me desrespeitar desse jeito. Cadê ele? Cadê ele? Eu vou matar esse cara. E correu para a praça.<br /><br />Eu olhei para o fundo do coletivo e percebi que tinha um homem deitado no chão que parecia se esconder; não se movimentava. Além disso, vi que dois vidros estavam quebrados. Logo imaginei que ocorrera uma briga antes de eu chegar ali.<br /><br />Algumas pessoas que o conheciam tentavam acalma-lo, mas o homem não largava o abridor. Enquanto isso, quase todos tentavam ligar para a polícia, mas não passavam da mensagem automática. Poucos minutos depois chegou uma viatura com dois policiais e o motorista que fugira a pouco do maluco.<br /><br />Os homens apontaram suas armar em direção ao individuo, mas ele não se entregou. Foram chegando mais perto e um deles descarregou um chute na barriga e o cujo caiu. Algemaram-no e o colocaram na viatura com sopapos na nuca.<br /><br />Eu fui até um dos policias e avisei que havia um homem deitado no ônibus, imóvel. Quando entrou, dirigiu-se em direção da vítima e o acordou, pois este estava desmaiado. O homem levantou. Era um senhor, aparentava uns 41 anos. Era mal cuidado, usava uma roupa bem simples e uma bota de operário. Fiquei com dó. Ainda atordoado, perguntou para o policial onde estava a sacola dele. Depois apareceram com ela; tinha apenas umas mudas de roupa e um pedaço de papelão velho.<br /><br />Enquanto isso, nos arredores da viatura, um senhor que se dizia amigo do baderneiro que já estava na “gaiola”, tentava tirar o rapaz dizendo que ele era inocente. O policial perdeu a calma, pôs as algemas nele e colocou-o para fazer companhia ao seu amigo.<br /><br />Quando tudo se acalmou, perguntei para a senhora de bolsa preta o que acontecera antes da minha chegada. Ela disse que tudo começou quando os dois estavam no bar bebendo cachaça e num dado momento começaram a discutir. A briga foi se acentuando e foram aos trancos e barrancos (literalmente, pois estavam bêbados) até o ponto na praça dando porrada um no outro. O homem que estava caio dentro do ônibus estava batendo no louco de bermuda vermelha até que este foi ajudado por um amigo, assim virando o jogo e batendo no outro até fazê-lo cair no chão. Algumas pessoas tentaram ajudar o operário e o colocaram dentro do ônibus para escondê-lo do de bermuda enquanto ia buscar alguma arma para matá-lo. E foi aí que eu cheguei.<br />Depois de toda a confusão, motorista, cobrador, acusados, vítima e policias foram até a DP da Rua Catão para fazer o Boletim de Ocorrência.<br /><br />Enquanto voltava pra casa, fiquei pensando nos quatro filhos desse rapaz. Eu imagino a criação que essas crianças tiveram, o ambiente em que foram criados e quem serão no futuro. Pra mim, a base da conduta e formação de um cidadão está na família. Nem sempre pessoas que têm em casa pais indisciplinadas ou viciados em algum tipo de droga tornar-se-ão como os pais, mas a chance é muito maior. Espero que esse homem se recupere, receba a pena que tem que receber e volte para casa para ser um pai e um homem de verdade e respeito. <br />E assim foi.Fabrício Vieirahttp://www.blogger.com/profile/09656853753669370285noreply@blogger.com4tag:blogger.com,1999:blog-2638252518449223020.post-60674129908666333042008-02-23T08:48:00.000-08:002008-06-28T07:58:21.810-07:00Agora é "Créu"Além da cervejinha, da mulherada e da caipirinha, os verões no nosso país são banhados de hits musicais, que são o assunto principal desse comentário. Músicas como: “Poeira” (Ivete Sangalo), “Vai Lacraia” (Mc Serginho e seu(a), como preferirem, bailarina(o) Lacraia), “Se ela dança. Eu danço” (Mc Leozinho), e outra infinidade de estrofes musicadas, agitaram e, em alguns casos, ainda agitam a alta estação e as praias brasileiras. <br /><br />Nesse ano, o hit que está se destacando é a “Dança do Créu” (Mc Colibri), ou seja, mais uma merda bombando nas rádios do país. Uma letra de dar inveja a qualquer fã da banda Calypso e uma melodia que faz James Brown revirar-se no túmulo ao saber que isso é chamado de Funk, compõem a canção (se é que possamos chamá-la assim). Ela tem três ou quatro fases cujo refrão restringe-se ao termo “Créu” que aumenta a velocidade conforme as fases vão passando; além disso, o rebolado das bailarinas (bem corpudas, pra não dizer outra coisa) vai se intensificando no decorrer das batidas que aumentam gradualmente. <br /><br />Toda essa implicação com o “Créu” começou quando eu estava no banquinho da Junta Militar esperando o meu nome ser chamado para apresentar-me na salinha do juramento à Bandeira, e um cidadão que estava sentado ao meu lado escutou (a todo volume) essa música infeliz, cinco incessantes vezes, sem intervalo – um verdadeiro massacre sonoro. O mais engraçado é que, enquanto a “bendita” tocava, eu estava lendo um artigo do Valor Econômico que falava sobre os cinqüenta anos da nossa, brasileiríssima, Bossa Nova. Durante o texto, o produtor e historiador Zuza Homem de Mello citou uma frase que se encaixava muito bem com o que sentia naquele momento: “Bossa Nova em 2008 é ótimo para quem não agüenta essa ‘bobajada’ ouvida na maioria das emissoras, que, além de nos conduzir aos confins de um inferno sonoro, ilude grande parte da nossa juventude levando-a a acreditar ser essa a única música brasileira”. BINGO!! Fazia tempo que eu procurava uma oração que resumisse em poucas linhas e em apenas três vírgulas a minha opinião sobre as músicas “brasileiras” que fazem sucesso no Brasil hoje, e, quiçá... - No Brasil mesmo.<br /><br />Eu até já me aventurei em escrever alguns versos e musicá-los com cinco ou seis notas, mas vi que não sou muito bom nisso e logo desencanei. Mesmo assim, ainda cheguei a tocar algumas delas com a minha antiga banda de Hard Core, mas hoje em dia não consigo mais, elas são muito mal feitas, carentes de sentido; de todo jeito eu ainda gosto delas porque marcam um momento da minha vida, sem contar que o fato de eu corrigi-las hoje, significa que eu evoluí nesse sentido. Bem que algumas bandas poderiam pensar o mesmo que eu, né? Por exemplo, as letras do Nx Zero não se diferenciam nenhum pouco das que eu fazia quando tinha dezesseis anos de idade, nadinha. Mas os caras são bonitinhos, isso é o que importa. <br /><br />O som feito hoje (dos que fazem sucesso) não passa nenhuma mensagem que possa acrescentar alguma coisa para nós, que não seja para completar o nick-name das menininhas apaixonadas. Você discorda disso? Então compare uma letra do Chico Buarque nos tempos da ditadura que misturam política e amor sem perder o sentido (músicas feitas com a cabeça), e uma do grupo Revelação (músicas feitas com a bunda) que é pura dor de corno e contentamento, que irão ver a diferença.<br /><br />Mesmo com todo esse cocô que temos de sobra tocando nas rádios por todo o país, têm bandas boas se destacando na internet que são bem criativas. Muitas delas misturam música eletrônica, jazz, blues e muitos outros estilos com MPB (samba e Bossa Nova); essa pode ser uma boa alternativa para inovar sem se esquecer do que é nosso de fato. Bandas como o Mombojó (PE), Móveis Coloniais de Acaju (DF) e o próprio Los Hermanos (RJ), podem ser incluídas nesse grupo. Além deles, cantoras como a Céu, Mariana Aydar e Roberta Sá conseguiram agregar as raízes da música brasileira juntando outras influências mais modernas. Vale a pena conferir.<br /><br />Bom, essa é minha dica pra vocês. Porra, precisamos resgatar a nossa cultura. Se nós, jovens, não darmos valor ao que foi feito aqui, nossos filhos nunca darão. Sendo assim, onde irá parar a nossa identidade cultural? No “Créu”?Fabrício Vieirahttp://www.blogger.com/profile/09656853753669370285noreply@blogger.com8tag:blogger.com,1999:blog-2638252518449223020.post-3797332381169646712007-12-23T16:50:00.000-08:002008-12-10T03:54:47.884-08:00Retrospectiva 2007Apesar de ser uma época de festas e confraternizações, eu não gosto muito dos últimos meses do ano, mais precisamente o mês de dezembro. Isso não é de hoje. Desde quando era criança ficava um tanto quanto impaciente quando meus coleguinhas da escola vinham com aquela história de que o Papai-Noel estaria por chegar. Não sei se isso foi bom ou não, mas eu nunca acreditei no “bom velhinho”; talvez isso acontecera por influência dos meus irmãos que, por serem bem mais velhos, punham uma dezena de coisas na minha cabeça; entre elas, coisas do tipo: “Papai Noel? Ele não existe, não passa de um velho tarado”. (Só um pequeno comentário aproveitando: vocês viram que não são só os meus irmão que odeiam o “barba branca”; essa semana teve até traficante atirando no helicóptero do Papai-Noel hytec, pode uma coisa dessa?). Enfim, além disso, o fato da minha mãe ser bastante religiosa (católica) ofuscava mais ainda o brilho do “velhote” já que pra mim o Natal nada mais era que a comemoração do nascimento do menino Jesus. Não me arrependo por isso; alguns dos meus amigos dizem que eu não tive infância e eu discordo sempre que ouço isso e digo mais: o verdadeiro sentido do Natal já foi totalmente distorcido, o que era pra ser uma data de comemoração religiosa se tornou uma data de comemoração para os comerciantes que lucram muitas verdinhas essa época do ano. Mesmo com todo esse pessimismo, do Reveillon eu sempre gostei. Aqueles fogos de artifício ainda conseguem me deixar boquiaberto com as suas cores deslumbrantes e barulhos ensurdecedores. Isso sem contar que eu sempre me emociono ao lembrar do ano que passou e começo almejar os planos do ano que está começando.<br /><br /><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiPyPTfr8tSCYh5_NN1ZAXTyWKIohtq7QGsHlbqwPZYilmacOJkIZ7uOeWBkWNC1SJzER_HC0gVdIFOqfU99uekCEPkmKijmskJMfZFmFJDMa5xRyE4ve0aRet_lULfftpx0HqP1ik4oie8/s1600-h/p_03.jpg"><img style="display:block; margin:0px auto 10px; text-align:center;cursor:pointer; cursor:hand;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiPyPTfr8tSCYh5_NN1ZAXTyWKIohtq7QGsHlbqwPZYilmacOJkIZ7uOeWBkWNC1SJzER_HC0gVdIFOqfU99uekCEPkmKijmskJMfZFmFJDMa5xRyE4ve0aRet_lULfftpx0HqP1ik4oie8/s400/p_03.jpg" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5147337742809271538" /></a><br />Esse ano foi muito bom pra mim, talvez tenha sido o ano que eu mais amadureci e aprendi. Vi como a vida é dura e como é difícil você se preparar muito e no final perder a batalha. Desde os primeiros minutos do dia 1º de janeiro eu já tinha como principal objetivo me acabar nos estudos pra entrar na USP. Fiz cursinho o ano todo; estudei bastante, mas não o bastante pra passar no meu curso. Desde que vi o resultado venho revendo alguns dos erros e tenho encontrado bastante; muitos que já tinham aparecido e outros que percebi só agora, mas que ajudarão bastante no ano que vem. Conheci muita gente legal e inteligente; cada um com a sua peculiaridade e seu modo diferente de ser, o que contribuiu muito pra eu rever algumas das minhas atitudes e parar de reclamar da vida boa que eu levo. Viajei pro Rio de Janeiro pra assistir a minha banda predileta com um dos meus melhores amigos. Tive algumas “aventuras amorosas” que é melhor eu guardar pra contar pro meus filhos (Rs). Enfim, o ano de 2007 ficará marcado na minha história.<br /><br />Desejo a todos que me acompanharam, que passaram esse ano do meu lado ou aos que apenas leram meus textos, não só um Feliz Natal e um ótimo Ano Novo, mas uma ótima vida. Aproveitem o máximo. Agradeçam a Deus (ou ao que acreditar) pela saúde que têm, pela família que têm e pelo fato de estar vivo do lado das pessoas que gostam.<br /> <br />Até ano que vem!Fabrício Vieirahttp://www.blogger.com/profile/09656853753669370285noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-2638252518449223020.post-25709222352700020032007-12-04T14:54:00.000-08:002007-12-04T15:43:07.793-08:00Insignificância DigitalNesse domingo que passou (dia 2 de dezembro), o presidente da república Luiz Inácio “Lula” da Silva inaugurou a TV Digital. Depois de algum tempo tentando adotar esse modelo inovador de transmissão que já opera em alguns dos principais países do mundo, Lula conseguiu trazer à nossa nação uma qualidade maior no que diz respeito à sensação visual dos telespectadores. Por enquanto, essa regalia é acessível apenas para moradores da Grande São Paulo (ainda que seja preciso desembolsar o equivalente a R$ 900 para comprar o conversor de imagem), mesmo assim, o projeto já tem em vista a expansão do modelo por todo o território brasileiro com o investimento do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) no valor de 1 bilhão de reais (aí se vão alguns livros, merenda, salário de bons professores...). <br /><br />Segundo o presidente, a TV Digital será muito útil à população. Disse que, com a melhoria na qualidade da imagem dos televisores e na alta produção dos tais conversores, “haverá um grande salto tecnológico, econômico, social e cultural no Brasil”; e disse mais: “ É uma verdadeira revolução (...) vai estimular a nossa indústria, gerando emprego, renda e oportunidades para o país” (aquele discursinho vagabundo de sempre). Esse foi o momento em que eu desliguei a televisão. Juro! Não dava mais pra assistir aquilo; ver aquela feição de que tudo está ocorrendo maravilhosamente no país me deixou extremamente impaciente. Depois eu até resolvi assistir todo o pronunciamento pela internet, mas foi difícil, difícil.<br /> <br />Aí eu fiquei pensando no que o “Companheiros e Companheiras” disse. Comecei a imaginar a D. Maria sentadona no sofá assistindo a novela das oito, vendo a Ana Paula Arósio e o Gianecchini se pegando na piscina com aquele saxofone afinadíssimo do Kenny G. de fundo musical (aquela verdadeira baboseira), e o detalhe mais importante, com a imagem impecável, sem nenhum chuvisco, nem tampouco “fantasmas” distorcendo os olhinhos azuis da atriz que o governo suou pra nos propiciar. Tudo isso é muito lindo, maravilhoso, magnífico e esplendido. Agora, se isso for algum avanço pro Brasil, por favor, me aponte qual é que eu não estou conseguindo achar.<br /> <br />Parece que dar distração ao povo, melhorar o acesso a essa mediocridade que é a televisão brasileira, evitar que a população pense no que de fato é melhor pra todos, está sendo o principal objetivo desse governo. Isso é inaceitável. O governo não tem se quer uma rede de televisão que incentive a cultura, com programas educativos e construtivos. Fora a TV Cultura, não há nenhuma outra emissora que tenha na sua grade de programação bons conteúdos de informação, se tem, é de madrugada e “olhe lá”. Agora, do que adianta melhorar a imagem se o conteúdo televisivo deixa a desejar? É uma imbecilidade investir dinheiro pra melhorar a qualidade da transmissão pro povo assistir programas como Super Pop, Tv Fama, Big Brother, Novelas Globais e outras "merdas". Ridículo!<br /><br />Enfim, vão aí alguns questionamentos pra que vocês possam refletir: <br />1) Esse investimento vem em troca do quê? <br />2) O país precisa desse tipo de coisa pra evoluir?<br />3) Será que precisamos melhorar a qualidade da imagem ou melhorar a qualidade da programação?Fabrício Vieirahttp://www.blogger.com/profile/09656853753669370285noreply@blogger.com3