terça-feira, 4 de dezembro de 2007

Insignificância Digital

Nesse domingo que passou (dia 2 de dezembro), o presidente da república Luiz Inácio “Lula” da Silva inaugurou a TV Digital. Depois de algum tempo tentando adotar esse modelo inovador de transmissão que já opera em alguns dos principais países do mundo, Lula conseguiu trazer à nossa nação uma qualidade maior no que diz respeito à sensação visual dos telespectadores. Por enquanto, essa regalia é acessível apenas para moradores da Grande São Paulo (ainda que seja preciso desembolsar o equivalente a R$ 900 para comprar o conversor de imagem), mesmo assim, o projeto já tem em vista a expansão do modelo por todo o território brasileiro com o investimento do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) no valor de 1 bilhão de reais (aí se vão alguns livros, merenda, salário de bons professores...).

Segundo o presidente, a TV Digital será muito útil à população. Disse que, com a melhoria na qualidade da imagem dos televisores e na alta produção dos tais conversores, “haverá um grande salto tecnológico, econômico, social e cultural no Brasil”; e disse mais: “ É uma verdadeira revolução (...) vai estimular a nossa indústria, gerando emprego, renda e oportunidades para o país” (aquele discursinho vagabundo de sempre). Esse foi o momento em que eu desliguei a televisão. Juro! Não dava mais pra assistir aquilo; ver aquela feição de que tudo está ocorrendo maravilhosamente no país me deixou extremamente impaciente. Depois eu até resolvi assistir todo o pronunciamento pela internet, mas foi difícil, difícil.

Aí eu fiquei pensando no que o “Companheiros e Companheiras” disse. Comecei a imaginar a D. Maria sentadona no sofá assistindo a novela das oito, vendo a Ana Paula Arósio e o Gianecchini se pegando na piscina com aquele saxofone afinadíssimo do Kenny G. de fundo musical (aquela verdadeira baboseira), e o detalhe mais importante, com a imagem impecável, sem nenhum chuvisco, nem tampouco “fantasmas” distorcendo os olhinhos azuis da atriz que o governo suou pra nos propiciar. Tudo isso é muito lindo, maravilhoso, magnífico e esplendido. Agora, se isso for algum avanço pro Brasil, por favor, me aponte qual é que eu não estou conseguindo achar.

Parece que dar distração ao povo, melhorar o acesso a essa mediocridade que é a televisão brasileira, evitar que a população pense no que de fato é melhor pra todos, está sendo o principal objetivo desse governo. Isso é inaceitável. O governo não tem se quer uma rede de televisão que incentive a cultura, com programas educativos e construtivos. Fora a TV Cultura, não há nenhuma outra emissora que tenha na sua grade de programação bons conteúdos de informação, se tem, é de madrugada e “olhe lá”. Agora, do que adianta melhorar a imagem se o conteúdo televisivo deixa a desejar? É uma imbecilidade investir dinheiro pra melhorar a qualidade da transmissão pro povo assistir programas como Super Pop, Tv Fama, Big Brother, Novelas Globais e outras "merdas". Ridículo!

Enfim, vão aí alguns questionamentos pra que vocês possam refletir:
1) Esse investimento vem em troca do quê?
2) O país precisa desse tipo de coisa pra evoluir?
3) Será que precisamos melhorar a qualidade da imagem ou melhorar a qualidade da programação?

3 comentários:

Anônimo disse...

Pois é meu "Companheiro", isso que os governos (não só o do Lula, como todos) querem fazer conosco. É melhor "fechar o lixo e ligar a televisão".
A política do passado, a romana, está mais presente do que nunca, o Pão e Circo está a na nossa essência, porém subliminarmente. O Bolsa Familia e a TV é um dos exemplos disso.
O problema não são os programas, é quem os assiste, se ninguém assistesse esses cocos não existiriam!

Ah, inferno! Seus textos me deixam bravos!

Fabrício Vieira disse...

Vandré, achei perfeita a comparação da política atual com a política do “Pão e Circo”, porém, discordo quando disse que “O problema não são os programas, é quem os assiste, se ninguém assistisse esses cocos não existiriam!”. As pessoas assistem a esse tipo de programa porque a cultura inútil é a que prevalece. Se fosse legal pras crianças assistir o Mundo de Beackman ao invés do Pokemon, e, para os adultos, o programa Roda Viva, ao invés da novela das oito, o negócio ia ser diferente! As pessoas assistem isso porque, além do problema da falta de cultura que eu citei, não há programas bons na TV aberta; é sempre a mesma baboseira: mulher gostosa, baixaria e fofoca. Tem muita gente que procura programas legais pra assistir, mas como não tem acesso à TV a cabo, acabam por assistir que tem!

Anônimo disse...

Primeiro que eu sempre assisti Pokemon e não sou besta!

Segundo que eu acho que é só uma questão de escolha: ser idiota ou ser "normal" e saber filtrar o que você assiste ou desligar a TV. Mas pessoas escolhem ser idiotas!

Bem, é isso que eu acho.