quarta-feira, 27 de junho de 2007

Juventude do Século XXI

Bolinha de gude, pipa e futebol para os meninos; boneca, comidinha e maquiagem para as meninas; isso quando não se juntavam pra brincar de casinha. Quem já foi criança lembra muito bem dessa época em que a vida consistia em travessuras e diversão. Apesar dessas brincadeiras há muito tempo fazerem parte da rotina infantil, elas vêm perdendo território para novas atividades, principalmente as ligadas à tecnologia.

Primeiro foram os mini-games, depois os vídeo-games; ai vieram os computadores, celulares, mp3 e uma infinidade de outros aparelhos. Trouxeram com eles uma nova forma de distração para pessoas de todas as idades, entre elas as crianças. É aí que mora o perigo. Se nos adultos a utilização exagerada desses produtos já causa dezenas prejuízos e uma dependência sem limites, imagine nos mais jovens.


É crescente o numero de crianças enfiadas em lan houses e casa de jogos eletrônicos. Eles poderiam estar fazendo algo que realmente traga para eles algum bem positivo que não seja o vicio ou até mesmo o sedentarismo, pela falta de outras atividades.

Pois bem, falando-se em mudanças comportamentais, a cada ano que passa, é fácil perceber o quanto a juventude tem mudado sua relação com pessoas mais velhas; aquele respeito que existia antes, já não se vê mais nos dias de hoje. Isso pode ser uma das conseqüências dessa “revolução” que vem acontecendo, não a tecnológica, mas as mudanças num âmbito geral.

Uma vez estava no clube em que jogava basquete um garoto de uns 10 anos de idade recusava-se a começar suas atividades físicas, corrida no caso, apenas pelo fato de ter esquecido seu Ypod em casa. Ligava a cada minuto para seu pai trazer logo, pois sem o aparelho não iria sair do lugar. Lembro como se fosse hoje, aquele menino gritando no celular: - Se não trouxer logo eu não vou me levantar!"

Aquilo me deixou muito espantado. Poxa, naquela idade se eu falasse com meu pai daquele jeito no mínimo eu iria tomar uma bela duma bronca e iria ficar de castigo. Mas o que me deixou mais embasbacado ainda foi o pai do menino chegando CORRENDO para entregar o seu Mp3. Aí eu pensei comigo: Pois é, acho que eu estou ficando velho mesmo!

É uma pena ver os nossos irmãos, sobrinhos e primos crescendo sem ter a oportunidade de ser crianças de verdade. Tão jovens e já “escravos” desse mundo onde não tem tempo ao menos de se conhecerem, tamanha é a quantidade de informações e novidades que aparecem todos os dias. Se hoje já esta assim, como será a época dos nossos filhos? Imagine-se chegando do trabalho e seu filho de cinco anos de idade com o lápis e a caneta guardados na bolsa, sentado na frente do computador e conversando no MSN. Desesperador!

terça-feira, 19 de junho de 2007

Os políticos e suas “Leis de Perfumaria”

Sabe-se que criar leis para o bem-estar da cidade é um ato indiscutivelmente positivo. Mas o nosso querido prefeito de São Paulo, o Sr. Gilberto Kassab, usa e abusa delas. Ai vão algumas:
- limpeza visual: proíbe a utilização de outdoors e outros tipos de anúncios publicitários nas ruas e em imóveis da cidade;
- limpeza das calçadas: todas as calçadas da cidade terão que estar adequadamente pintadas da seguinte forma: cor branca e natural de cimento alternadas;
- lei das vitrines: é obrigatório que todas as mercadorias expostas nas vitrines de estabelecimentos comerciais tenham preço visível.

Tudo bem, não são leis tão ridículas assim. Ter a cidade limpa e bonita é extremamente agradável para pedestres, motoristas e todos que diariamente andam pelas ruas. Mas existem prioridades. Fatos como a violência, educação e saúde – que precisam ser resolvidas o mais rápido possível - não podem ser substituídas por esse tipo de “futilidade legislativa”.

Posições desse tipo são para países de primeiro mundo como a Dinamarca que tem média de dois assassinatos por ano; sua população vive em ótimas condições de vida e não tem mais o que arrumar. Mas aqui no Brasil, onde a guerra civil e a hostilidade estão por todo canto; gente morrendo de fome; desemprego exacerbado em todos os Estados, não tem a mina possibilidade de se preocupar com tais medidas. Pra falar a verdade, acho que essas leis que o Kassab vem tentado implantar são aquelas de quando ele tinha 10 anos de idade e pensava: quando eu crescer quero acabar com todas as imagens da Vila Césamo, a começar pelos outdoors; ou: o cara da prefeitura nunca passa para pintar minha calçada; ou mesmo: nunca da para saber o preço do Batman sem perguntar ao vendedor.




Além disso, nosso prefeito é um cara muito sensível. Certo dia ao ser questionado por um homem na inauguração de um hospital do SUS (Sistema Único de Saúde) em relação à lei municipal que proíbe a utilização de propagandas publicitárias citadas acima, deu um show! Chamou o cidadão – que deve trabalhar muito mais que ele – de vagabundo e ainda o expulsou do posto de saúde. Imagino o que deve ter passado na cabeça daquele cidadão quando escutou o “prefeitinho” falar que as condições dos hospitais paulistas estavam totalmente em ordem. Lastimável!

Tem gente que fala que política não se discute, que o país é uma merda, que não tem solução, por ai vai. Somos um povo acomodado, nos contentamos com pouco. Com a rua mal asfaltada, com o "SUPER" crescimento da economia. Atrás da vista grossa está tudo errado; dinheiro de pontes que ligam o nada a lugar nenhum sendo desviado; o cara do bairro ao lado roubando uma caixa de leite pra dar aos seus filhos e pegando uma pena de dois anos, enquanto os Sanguessugas, quase todos, roubaram tudo o que puderam e hoje estão fazendo compra nos Jardins. Aí me vem um senhorzinho dizer que a poluição visual incomoda. O que incomoda é o descaso que os governantes têm em relação aos brasileiros, principalmente aos pobres.

Se for ficar apontando os erros do governo, vou precisar reescrever a Bíblia. A atitude do Kassab é apenas uma das dezenas, se não centenas de medidas e leis que realmente me deixam bem impetuoso. Depois desse desabafo, vou concluir com um trecho de uma musica do Gabriel O Pensador que se chama Pega Ladrão:

“E você que é um simples mortal, levando uma vidinha legal.
Alguém já te pediu um real?
Alguém já te assaltou no sinal?
Você acha que as coisas vão mal?
Ou você tá satisfeito?
Você acha que isso é tudo normal?
Você acha que o país não tem jeito?
Aqui não tem terremoto, aqui não tem vulcão.
Aqui tem tempo bom, aqui tem muito chão.
Aqui tem gente boa, aqui tem gente honesta; mas no poder é que tem gente que não presta"



Este aí é o vídeo em que o prefeito de São Paulo – Gilberto Kassab – expulsa o cidadão do hospital!

sábado, 16 de junho de 2007

As vozes a uma só nota

Nesse final de semana, dias 9 e 10 de Junho, tive a oportunidade de ir ao Rio de Janeiro com meu amigo Gabriel Mendes para assistir o ultimo show da banda Los Hermanos antes de seu recesso por tempo indeterminado. Por um lado estava muito empolgado por ser o primeiro show que iria da banda, talvez o ultimo. Por outro receava em relação à qualidade da apresentação e pela guerra civil que passa aquele estado.

Pois bem, dúvidas a parte, fui de “mala e cuia”. Chegando à cidade, ainda na estrada, reparei como a pobreza predomina naquele lugar; periferias e favelas por toda parte, não muito diferente de alguns bairros de São Paulo, mas numa proporção muito maior, já que o Rio tem um espaço inferior. No centro da cidade há dezenas de imóveis históricos, alguns, aparentemente, com mais de cem anos. A maioria com a seguinte característica em comum: o abandono.

Não quero que pensem que estou criticando ou desmerecendo o Rio de Janeiro. Lógico que a cidade é rica em beleza, praias maravilhosas, vistas deslumbrantes que infelizmente ainda não tive a oportunidade de conhecer. Estou apenas falando como é o lado de traz do Corcovado, onde a Globo evita mostrar. Alem disso não posso deixar de citar a hospitalidade do povo carioca; todos prestativos, simpáticos e solidários. Isso é incontestável.

Apesar dos comentários feitos sobre a cidade, quero mesmo é falar sobre o show. E que show!
Levados pela duvida sobre o término da banda, pessoas de todas as regiões do país lotaram a casa Fundição Progresso na Lapa, centro do Rio, para assistir os Hermanos tocarem.

Quatro horas antes do inicio, cheguei com o Gabriel para retirar os ingressos na bilheteria. Naquele momento dezenas de pessoas já estavam na fila cantando e dançando as musicas da banda. Uma verdadeira confraternização. Ao esperar os portões serem abertos, conhecemos pessoas de Minas Gerais, Santa Catarina, Pernambuco, São Paulo e do próprio Rio. Conversávamos com se já havíamos nos conhecido há tempos.

Enquanto falava com essas pessoas, refleti um minuto sobre o poder que a música tem de unir povos de credo, cor e ideologias distintas. Apenas pelo gosto musical em comum, todos aqueles jovens que ali estavam, criaram um vinculo de amizade e união. São atitudes aparentemente insignificantes que passam despercebidas como o vento. Agora, a partir desse pensamento e indo para o contexto social, fiz-me uma pergunta: Por que vivemos em guerra? A resposta veio a seguir: Porque primeiro procuramos as diferenças e omitimos todo o resto. Pois é, nesse mundo de discordâncias é que vivemos.

Duas horas depois, os portões se abriram, a platéia entrou. Muitos correndo, outros mais contidos, porém não escondiam a felicidade por estar ali. Foram mais duas horas de apreensão dentro da casa até que os músicos subiram ao ponto mais alto. Quietos, como se estivessem se despedindo de sua família. Mesmo assim os fãs aplaudiam e gritavam incessantemente.

Começaram o show com uma musica bem calma, quase imperceptível perante a euforia dos que cantavam e se emocionavam com os acordes tocados. As cinco mil vozes e corações agitavam-se sem nenhum controle. Aqueles que haviam subido ao palco contidos, agora se pegam sorrindo e dançando - mesmo “desengonsadamente” - com os espectadores. Em alguns momentos mal dava pra escutar a voz do Marcelo Camelo ou do Amarante tamanho era o volume das vozes da platéia. No final do show os Hermanos apresentaram todos que estiveram com eles durante esses dez anos de carreira. Foi um show emocionante, dificilmente assistirei outro melhor.

Tive a idéia de escrever esse texto com a intenção de mostrar para os leitores uma experiência maravilhosa que tive e principalmente mostra-los como coisas pequenas, no caso a musica, podem unir as pessoas que ao menos se conhecem. A partir desses atos aparentemente insignificantes, podemos promover a paz e unirmos para um mundo melhor.