(...)
Como não?
É aquela que eu quase esqueci encima da carteira e que depois fiquei com dó de comê-la de tão linda e avermelhada que era.
Lembrou agora?
(...)
Pois então, de fato eu não a comi.
Agora, o porquê eu não sei.
E olha que eu cheguei a tirá-la do plástiquinho.
Foi por pouco mesmo.
Ela escapou fedendo.
Tudo bem, pode até ser um desrespeito aos que têm fome, mas e se ela for uma daquelas que envenenou a Branca de Neve?
Pior. E se for uma daquelas que a Serpente empurrou à Eva?
Não sei se estou fazendo bem em não tocá-la, sabia?
Bom, se bem que ela está com uma cara ótima.
Nossa! Já dá água na boca só de pensar.
Já imaginou em cada pedaço que amassa com doce no canto boca?
Hum! Que doce.
É...
Ela está aqui ao meu lado a fazer-me companhia (com H) e a refletir a luz que sai da lâmpada amarelada do meu quarto.
Têm vezes que parece que ela me intimida, viu?
Parece que quer uma explicação pra todas essas e aquelas palavras.
E depois dá a crer que não quer saber mais de palavra nenhuma.
Tudo bem que eu também não ando agindo lá essas coisas.
Não sei o que acontece.
Esse reflexo todo me intimida duma maneira que eu não consigo olhá-la diretamente e agir como se tudo estivesse normal.
Mas isso é coisa da minha cabeça.
Sem contar que também...
Ei, maçã?
Você ainda está aí?
Maçã?