Ela se chamava Camila; não lembro o sobrenome.
Era, até então, o amor da minha vida.
Tudo bem, não era lá essas coisas, mas tinha um sorriso encantador e respondia a todas as perguntas que a professora fazia.
E eu?
Era virgem até de orelha.
Estava na terceira série e o máximo que eu sabia de uma mulher era que elas tinham que usar uma negócio branco entre as pernas não-sei-pra-que.
Tinha acabado de chegar da minha temporada em Fortaleza.
Estava com a barriga bem saliente; fruto da dieta de hambúrguer e suco de caju que meu irmão colocara à minha disposição durante seis meses.
Apesar de ser um cabaço assíduo, eu tinha a tática infalível:
Para que a garota não percebesse que eu passava o dia inteiro olhando pra ela, eu cobria o rosto com as mãos e, por entre as frestas dos dedos, espiava-a a aula inteirinha. Sorrateiramente.
Ela nunca descobriu. Talvez nem desconfiasse de tal façanha.
Eu, pra ser sincero, tinha certeza que ela me achava um gordinho sem graça.
Sei lá. Pode até ser que ela me achasse “profundo demais”; vai saber.
Hoje eu voltei a me sentir assim.
Estranho, porque não é fácil se pegar com oito anos de idade.
É triste saber que eu ainda espreito a garota como na terceira série.
Enfim.
Não sei se isso é o pior de tudo,
Mas uma coisa é fato: é deprimente saber que eu ainda sou virgem de orelha.
segunda-feira, 30 de junho de 2008
domingo, 15 de junho de 2008
De fora pra dentro
Procuro motivos pra conseguir entender porque eu tenho passado esses últimos dias feliz. Isso é muito estranho porque há um erro na ordem das coisas. Geralmente, o caminho é o contrário: primeiro é preciso encontrar motivos pra ser feliz, e não ser feliz pra depois encontrar motivos.
Quem me vê andando por aí com feição feliz e sorridente deve achar que eu sou daqueles que acorda e diz bom dia pro passarinho, que ri até das piadas do Faustão ou que passa horas escutando Tiririca. Bom, pensando bem, tirando o escutar Tiririca eu sou um pouquinho disso aí.
As vezes eu pareço meio maluco, principalmente no ônibus. Eu canto alto; canto mesmo. Tudo bem, não tão alto assim, mas a pessoa do lado consegue escutar um som vindo da minha boca que soa algo como: “Não solta da minha mão, não solta da minha mão”, “Apesar de você amanhã há de ser outro dia” ou “Florentina, Florentina, Florentina de Gesuis”. Não. Esse último não.
Pensando bem, eu acho que o motivo disso tudo é que quando me encontro sozinho, ou seja, sem nenhum relacionamento amoroso, eu pareço ser mais feliz. Não que eu não seja quando estou acompanhado, mas o fato de eu olhar mais pra mim, para as minhas atitudes e para o meu nariz, me deixa bem. Na maioria das vezes, quando se está com alguém (ou afim) é muito comum observar o que a outra pessoa anda fazendo, quem está deixando recados na página do Orkut dela ou qual vai ser a atividade do final de semana. Nesse movimento totalmente natural e inconsciente é comum a pessoa esquecer-se dela mesma, não lembrar das suas prioridade e até mesmo deixar seu antigos discos de lado.
Digo isso porque essa semana voltei a escutar uma das bandas que fazem parte do eu costumo chamar de repertório do sono vespertino. Sim, vespertino. É que quando a minha vida era boa, em meados da oitava série, eu voltava do colégio e dormia a tarde inteirinha; bons tempos aqueles. Pois bem, a banda se chama Smashing Pumpkins. O som é ótimo; os agudos baixinhos do vocalista são maravilhosos e muito bons pra dormir. Uma delícia.
Bom, voltando ao assunto da felicidade. Eu ainda não sei por que estou feliz. Talvez seja por conta do caso libanês (de dois textos abaixo) ter "saído" minha da cabeça; ou pelo fato de eu ter chegado em casa ontem e a minha nova amiga, a Chiquinha (minha vitrola), estar arrumada e pronta pra tocar os meus novos discos; ou porque achei o simulado de ontem fácil. Não sei. Nem venha me perguntar, pois ainda não encontrei a resposta.
Mas quer saber? Estou achando isso tudo uma merda. Acho mesmo que me falta alguém. Minha vida anda muito certinha, sem brigas e desentendimentos; talvez falte um pouco disso, mesmo que sobre felicidade nesse momento.
Eu preciso de alguém pra reparar a maquiagem, pra mandar mensagens, pra dar ritmo, pra escrever poemas, pra ter ciúmes, pra cantar pra ela, pra chorar por ela e o melhor: pra dividir a minha felicidade com ela. Porque, afinal, é um porre ser feliz sozinho.
Quem me vê andando por aí com feição feliz e sorridente deve achar que eu sou daqueles que acorda e diz bom dia pro passarinho, que ri até das piadas do Faustão ou que passa horas escutando Tiririca. Bom, pensando bem, tirando o escutar Tiririca eu sou um pouquinho disso aí.
As vezes eu pareço meio maluco, principalmente no ônibus. Eu canto alto; canto mesmo. Tudo bem, não tão alto assim, mas a pessoa do lado consegue escutar um som vindo da minha boca que soa algo como: “Não solta da minha mão, não solta da minha mão”, “Apesar de você amanhã há de ser outro dia” ou “Florentina, Florentina, Florentina de Gesuis”. Não. Esse último não.
Pensando bem, eu acho que o motivo disso tudo é que quando me encontro sozinho, ou seja, sem nenhum relacionamento amoroso, eu pareço ser mais feliz. Não que eu não seja quando estou acompanhado, mas o fato de eu olhar mais pra mim, para as minhas atitudes e para o meu nariz, me deixa bem. Na maioria das vezes, quando se está com alguém (ou afim) é muito comum observar o que a outra pessoa anda fazendo, quem está deixando recados na página do Orkut dela ou qual vai ser a atividade do final de semana. Nesse movimento totalmente natural e inconsciente é comum a pessoa esquecer-se dela mesma, não lembrar das suas prioridade e até mesmo deixar seu antigos discos de lado.
Digo isso porque essa semana voltei a escutar uma das bandas que fazem parte do eu costumo chamar de repertório do sono vespertino. Sim, vespertino. É que quando a minha vida era boa, em meados da oitava série, eu voltava do colégio e dormia a tarde inteirinha; bons tempos aqueles. Pois bem, a banda se chama Smashing Pumpkins. O som é ótimo; os agudos baixinhos do vocalista são maravilhosos e muito bons pra dormir. Uma delícia.
Bom, voltando ao assunto da felicidade. Eu ainda não sei por que estou feliz. Talvez seja por conta do caso libanês (de dois textos abaixo) ter "saído" minha da cabeça; ou pelo fato de eu ter chegado em casa ontem e a minha nova amiga, a Chiquinha (minha vitrola), estar arrumada e pronta pra tocar os meus novos discos; ou porque achei o simulado de ontem fácil. Não sei. Nem venha me perguntar, pois ainda não encontrei a resposta.
Mas quer saber? Estou achando isso tudo uma merda. Acho mesmo que me falta alguém. Minha vida anda muito certinha, sem brigas e desentendimentos; talvez falte um pouco disso, mesmo que sobre felicidade nesse momento.
Eu preciso de alguém pra reparar a maquiagem, pra mandar mensagens, pra dar ritmo, pra escrever poemas, pra ter ciúmes, pra cantar pra ela, pra chorar por ela e o melhor: pra dividir a minha felicidade com ela. Porque, afinal, é um porre ser feliz sozinho.
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