Eram casais de homens que andavam pela rua de mãos dadas e trocando carícias, casais femininos que se beijavam; todos sem nenhuma preocupação, com ar de quem não deve nada a ninguém (não devem mesmo) e de quem não está nem aí com o que os outros pensam. Aliás, reparei também os outros: senhoras e senhores de idade com aquelas pomposas e enrugadas caras de “meu Deus, mais que absurdo” ou “onde esse mundo irá chegar?”. Diverti-me muito com isso.
A cena que mais me chamou atenção foi um cidadão cujo traje restringia-se a uma sunga-fio-dental-rosa que fazia flexões de braço no meio da calçada, enquanto seu companheiro lhe passava óleo nas costas e batia na sua bunda com uma raquete de frescobol (hahahahahaha). Calma! Antes que você pense que isso é verdade e acabe concordando com os velhinhos que não sabem onde esse mundo irá chegar, eu vos digo, caro leitor, toda essa cena é mentira. Mas pensando bem, seria muito engraçada de ser vista.
Eu acho legal comentar esse tipo de assunto, porque, pasme: mesmo com toda essa minha macheza à flor da pele e essa inigualável masculinidade, tem gente que acha que eu sou boiola. Sério Mesmo. Desde a primeira vez que um amigo meu (Vandré) disse que antes de me conhecer jurava de pés juntos que eu era uma bichona, eu fiquei com isso na cabeça. Vira-e-mexe eu me pego a reparar as minhas atitudes com a intenção de achar algo que me comprometa ou que confira a mim um toque de viadagem.

Nessa busca incessante por características que, eventualmente, poderiam comprometer a minha masculinidade, eu achei as seguintes: eu tenho muitas amigas mulheres (fato); eu reparo a maquiagem, o cabelo e as roupas das garotas (sou apenas um mero observador); eu sento com as pernas cruzadas (eu não tenho as bolas tão grandes a ponto de impedir tal movimento); e, por final: eu choro (e homem chora, nem vem com história).
Engraçado. Quando eu estava procurando algumas idéias pra escrever sobre assunto, lembrei-me de uma coisa que aconteceu comigo essa semana.
Peguei o ônibus pra ir pra casa e, por coincidência, um amigo de um amigo meu (Guilherme Campbell, que eu conheci a pouco e que é muito gente fina) entrou com a sua namorada no coletivo. Ele faz o mesmo cursinho que eu, com a diferença que ele estuda em outra unidade. Enfim, conversávamos sobre as matérias, simulados e professores do cursinho; aquele papo de vestibulando maluco.
Nessa conversa ele me falou que ela era uma “porta” em humanas, mas era muito bom em exatas. E como eu sou um humanórdico, comecei a dizer a eles os benefícios e os prazeres que a História, Geografia e Literatura proporcionam; falei também os motivos que me fazem gostar de Música Popular Brasileira, a genialidade dos artistas e tudo mais, quando ele me interrompe com a seguinte pergunta: - VOCÊ É GAY? Eu, como já estou acostumado com esse tipo de coisa, fui cauteloso e expliquei a ele que gostar de música, letras e poesias não significa ser viado, mas sim um apreciador das coisas pequenas e irrisórias.
Isso tudo não foi uma tentativa de falar pra vocês se eu sou uma frutinha ou não, de fato não sou. Quem me conhece sabe disso. Mas, meu amigo, se você ainda não consegue respeitar a opção sexual das pessoas, desculpe-me, você ainda está nos tempos antes de Cristo. E outra, quem sabe, você ainda terá filhos, sobrinhos, etc. Pense nisso.
Passar bem.
obs: só uma outra coisa rápida, meu blog fez agora (dia 17) um ano de idade, parabéns pra ele.