quinta-feira, 31 de maio de 2007

Cara, cadê nossa cultura?

Há um tempo venho observando o comportamento cultural dos brasileiros, mais precisamente dos paulistas. Apesar de termos no nosso território diversas etnias e costumes, não consigo achar uma característica cultural consistente. Ao contrário de povos de outras nações, não zelamos pelos patrimônios herdados do passado, e muito menos, damos valor à eles. Estes estão caindo aos pedaços, abandonados, sem a mínima manutenção para mantê-los em pé. Alem disso, basta ligar o rádio, a televisão ou sair nas ruas para notar como o estrangeirismo toma conta de boa parte do nosso vocabulário, dos anúncios publicitários, enfim, do nosso dia-a-dia.

Perto da minha casa tem uma grande empresa e na sua fachada tem um painel escrito: “Power and Productivity for beter world”. Para um indivíduo que domina pelo menos o inglês básico, este saberia que no anuncio está escrito: “Energia e Produtividade por um mundo melhor”. Mas como a grande maioria é leiga no assunto, não consigo entender o motivo da frase estar escrita em outra língua. Talvez seja pra ficar mais chique, porque afinal, tudo o que é de fora é melhor, mais bonito.

A partir desse pensamento, dou como exemplo o “nosso” gosto musical. Conta-se nos dedos as rádios que tem em sua programação a Musica Popular Brasileira (MPB). A grande maioria dos jovens não conhece os grandes poetas brasileiros como: Tom Jobim, Vinicius de Morais, Caetano Veloso, Chico Buarque e tantos outros trovadores, românticos, que cantaram e ainda cantam o nosso povo, pro nosso povo e pro mundo inteiro. Os verdadeiros ídolos da juventude são os cantores internacionais. Eminem, 50 Cent, entre outros, que falam sobre a sua cultura inútil e consumista como se fosse o exemplo de vida a ser seguido e mulheres semi-nuas rebolando em seus vídeo-clipes. Pra isso não faltam rádios e canais pra dissipar essa poluição sonora e visual. Não que eu seja contra todo tipo de musica internacional, pelo contrario, ouço algumas coisas frequentemente.



Concluindo meu comentário, quero deixar bem claro que conhecer culturas diferentes, línguas, músicas, enfim, é fundamental para um conhecimento geral. A bandeira que eu quero levantar é a seguinte: aqui no Brasil há muita coisa boa, muita gente inteligente que deve ser reconhecida, o que não esta acontecendo. É uma vergonha deixar de lado o que temos de bom e fazer com que o de fora sobre saia perante o que devemos valorizar e cuidar com orgulho.

Pense nisso!

quinta-feira, 17 de maio de 2007

As barreiras entre o poder e o querer

Um dia desses, voltando do cursinho, o relógio marcava (mais ou menos) 21h. Andava pelas ruas da Lapa escutando meu tocador de musica portátil, sem nenhuma pressa de chegar em casa, já que era sexta feira. Em um determinado intervalo de tempo, entre uma musica e outra, notei um som que não se ouvia naquela região, parecia fanfarra ou algo parecido com uma orquestra. A priori não identifiquei o exato estilo musical que ouvira, mas mesmo assim procurei donde vinha. Entrei em uma viela e vi um pequeno cômodo com a porta aberta e com a luz acesa.

Conforme aproximava-me do local, a musica e a minha curiosidade iam aumentando de intensidade. Enfim, quando olhei para dentro do casebre, tive uma enorme surpresa! Eram idosos, homens e mulheres, aparentavam mais de 60 anos. À frente, cada um portava um suas mãos, um instrumento de sopro e uma feição encantadora no rosto, como se todos estivessem satisfeitos com o que faziam. Mais ao fundo um senhor tocava bateria, e uma senhora morena, zabumba.

Como havia algumas pessoas assistindo o ensaio, imaginei que poderia acomodar-me junto a elas para assistir também. Foi o que fiz. Sem perceber, passei uma hora e meia apreciando o concerto, encantado, absorvendo cada nota, cada riso feliz daqueles anciãos. Entre todos que ali tocavam, o que mais me chamou atenção foi um homem, mais ou menos 80 anos, que tocava Tuba. O instrumento requeria um fôlego inalcançável, tinha o dobro do seu tamanho, muito pesado, mas mesmo com dificuldade ele fazia seu melhor.

Ao assisti-los tocar, veio em minha mente o seguinte pensamento: Por que reclamamos de tudo? É, parece estranho. Mas, nós jovens, pessoas de meia idade, enfim, sempre reclamamos da vida, sempre criamos barreiras entre o que podemos fazer. Dizemos coisas como: “Não consigo porque não tenho mais idade”, “ Minhas costas estão doendo”, “ Não consigo, não consigo...”. Todas essas “desculpas” vêm à tona antes mesmo de tentarmos. Esse tipo de situação se reflete no nosso cotidiano. Por exemplo, na hora de enfrentarmos uma concorrência, seja de emprego, de vestibular e tantas outras, vem na cabeça primeiro os fatores negativos. Mas se o individuo, antes de qualquer coisa, pensar em vencer os obstáculos, em atingir sua meta, em se superar, ele tem em suas mãos o segredo para o sucesso.

Tomando como exemplo o tocador de Tuba, que mesmo na adversidade conseguia dominar suas carências, vejo o caminho para uma vida melhor, que se baseia na superação e no rompimento de barreiras, que ao passar dos anos a vida nos impõe.
Portanto, se um dia pensares em desistir de seu sonho, lembre-se da seguinte frase: “A estrada vai além do que se vê”.