segunda-feira, 2 de novembro de 2009

jardim

Eu ia escrever uma redação agora; mas redações não têm metáforas, rimas, nem musicalidade.
Para fazer uma considerada de boa qualidade é necessário, entre outras coisas, argumento, introdução, conclusão... ão, ão, cão.
Eu ia, mas não vou mais. Nada de regras!

Quero escrever temas que tangenciem algo poético, algo iluminado sobre as estrelas, sob estrelas. Quero cantar a lira dos pássaros, flautear com os canarinhos; quero olhar ao meu redor e assistir ao balet das flores, sentir o calor do vento.


Poderia também desabar no colo de uma morena; ela com suas encaracoladas lãs a tocar o meu rosto. Depois ficaria nu e ela me pintaria numa rocha avessa a intemperismos. Dalí um tempo refrescaríamos nossos corpos na água e dançaríamos com as sereias e com os tubarões; seria “um sempre no nunca”.

Depois disso rolaríamos no areal, nos amando, nos tornando chave-fechadura. Aí dormiríamos ali mesmo, ao Sol, um sonho manso, um descanso terno, eterno.

(*) arte: Natália Gregorini