terça-feira, 20 de novembro de 2007

Consciência Hipócrita!

Definição para a palavra consciência: 1. Capacidade que o homem tem de conhecer valores e mandamentos morais e aplicá-los nas diferentes situações; 2. Testemunho do nosso espírito, aprovando ou reprovando os nossos atos; 3. Cuidado escrupuloso; 4. Honradez, retidão; 5. Conhecimento.
Pois bem, daqui a pouco entenderão o motivo no qual defini a palavra, ok?

Hoje é feriado do Dia da Consciência Negra, um daqueles que você pode ficar em casa “coçando o saco” e assistindo a Ana Maria Braga com os seus discursos matutinos de auto-ajuda e suas guloseimas, acompanhada daquele Louro chato e sem graça; se fores um cara mais “saúde”, vai ao parque andar de bicicleta e olhar a mulherada de shortinho; ou se for um vestibulando desesperado nas vésperas da prova, fará como eu: ficará em casa tirando o atraso. Mas Enfim, o que me fez escrever esse texto, além da saudade de passar para o papel alguma coisa que não seja equações, regras gramaticais e redações de temas chatos, é o significado do feriado que hoje “comemoramos”. Vamos lá.



Quer dizer então que precisamos ter consciência que os negros existem? Precisamos ter um cuidado escrupuloso, honradez, retidão e conhecimento pra saber que eles estão por ai? Ah! Para com isso! Parece até frase feita, mas todos nós somos iguais, independente da cor da pele. Eu, particularmente, não vejo nada mais racista e hipócrita que isso; na verdade acho que só inventaram esse feriado pra dar tempo do povão ir à 25 de março e comprar os enfeites da árvore de Natal, o presente da vovó e da criançada, só isso! Não é possível que depois de 119 anos da abolição da escravatura no Brasil (que por sinal, foi o último país a adotar a medida em todo o continente americano), ainda haja esse sentimento de que individuo de pele escura é inferior. Tudo bem que desde a declaração da Princesa Isabel que, segundo Raul Seixas,“ curtia um negão, fumou um baseado e aboliu a escravidão”, o preto é sinônimo de pobre; isso é fato, não é racismo não. Todo mundo sabe o que o negro saiu da senzala e foi direto pra favela, não por opção, mas por obrigação, por não ter pra onde ir. Isso faz com que o povo tenha o seguinte pensamento: PRETO = POBRE = BURRO. Aí, pra confirmar, as nossas excelências de Brasília criaram cotas nas Universidades para quem se considerar negro, o que pra mim também é um atraso sem igual. Esse é um problema de cunho social e não intelecto-racial.

Aproveitando o assunto da educação, tive uma surpresa esses dias. Lendo o caderno de fim de semana do jornal Valor Econômico (dias 9, 10 e 11 de novembro), deparei-me com uma matéria “engraçadissima”; o titulo era: “A segunda abolição”. O texto referia-se a uma faculdade localizada na cidade de São Paulo chamada Zumbi dos Palmares onde 87% dos seus alunos consideram-se negros. Esta estaria por formar a primeira turma de Administração, se não me engano. O artigo “puxava o saco” da faculdade, dizendo que agora sim há igualdade, que o negro agora vai poder estudar sem ser vitima de preconceito, que empresas já estariam interessadas nos alunos recém-formados e blá blá blá, enfim, uma verdadeira "melação de cueca". Depois que terminei de ler(pasmo),logo pensei: Cara, o Brasil daqui a pouco vai estar que nem a África do Sul; qualquer dia irei comer na praça de alimentação do shopping e vai ter uma placa anunciando: área reservada para negros; ou se não, quando for pagar minhas contas no banco, estará escrito: o uso dessa fila só é permitido para pessoas que considerarem-se negras, por favor, tragam consigo o seu comprovante de “negritude”. Complicado né!?

Bom, vou deixar a cargo de vocês as demais discussões sobre o assunto. Mas de todo jeito vou tecer a minha opinião: Um país que busca desenvolver-se e dar qualidade de vida para toda a sua população, tem que começar a tratar todos por igual. Precisa haver a consciência que, apesar do tom de pele do individuo, ele é brasileiro; ele não precisa de feriado pra ser reconhecido; ele precisa de oportunidade, não essa oportunidade fácil (cotas e outros), ele precisa de educação de qualidade, acesso à saúde e à informação; e outra coisa, faculdade pra negro? Desculpem-me a expressão, mas PUTA QUE PARIU... Aonde vamos chegar?

Passar bem!