Ainda não havia passado das sete horas da manhã e os carros já preenchiam todas as faixa da avenida com suas carruagens de plástico e seu silêncio barulhento. Enfim, sempre que vou atravessar aquela avenida, olho o céu para saber se o dia será ensolarado ou nublado; aquele dia não foi diferente. Porém, quando olhei para o alto, tive a surpresa: eram três, verdinhos e perdidos como “cego em tiroteio”; longe dos galhos e folhas que os acolhem quando mais precisam, pareciam desesperados com aqueles objetos correndo rapidamente embaixo deles, com medo das formigas gigantes desviando umas das outras pela calçada a fora e daquelas muralhas de concreto por toda parte.

Vendo aquela cena, perguntei-me: o que será que essas criaturas fazem aqui? Pensei que decerto fugiram do Jardim Zoológico ou fugiram do domínio de algum seqüestrador de animais. Ao mesmo tempo em que deu uma tristeza vê-los fora de seu habitat natural, tive um sentimento de liberdade, independência; fez-me lembrar de quando ia pra casa dos meus avós para subir na mangueira e nadar nas límpidas águas do açude do finado Chico de Matias.
Refletindo sobre essa ocorrência, vi como a urbanização é inversamente proporcional à natureza; enquanto uma cresce desordenadamente, a outra desaparece numa velocidade extraordinária. Por exemplo, a Mata Atlântica localizada na porção leste do Brasil, tem hoje 7,3% da sua vegetação original, sendo que em alguns Estados quase não existe mais devido o desmatamento que essas áreas estão sendo expostas. Isso sem contar a Floresta Amazônica, antes considerada o pulmão do mundo, que está sendo substituída por pastagens com a intenção de abrigar vacas emissoras de gás metano (CH4) e para as plantações de soja (a mais nova monocultura brasileira), que aqui entre nós, servem para alimentar o mundo inteiro, mas para os brasileiros... O RESTO! Mas isso é um assunto pra outra ocasião. Enfim, quem mais sofre com toda essa degradação são os animais nativos desses locais que são obrigados a se acostumar com os seus novos “lares” de cimento. Estão ai as explicações para o aumento aparente desses animais no nosso cotidiano; com a diminuição das áreas verdes, estes “se viram” como podem. Já bastavam as capivaras dos rios Tietê e Pinheiros (SP), os macacos equilibristas nos fios de alta tensão em Copacabana e Ipanema (RJ), agora são os papagaios da Lapa (SP).
O pior de tudo é saber que tem pouca gente se importando com isso e que esses fatores não serão revertidos tão cedo. A tendência é aumentar cada vez mais os desmatamentos, queimadas, transposições de rios, o que fará com que esses acontecimentos se tornem normais. Lamento também que só “acordaremos” depois que essa situação for irreversível. Se você puder fazer algo para mudar essa realidade, o faça, pois nossos filhos e filhas precisarão dessa nossa consciência. Agora, se você não se importa com nada disso, PREPARE-SE, o BBB 8 já esta com as inscrições abertas!